Um município conhecido por ter a terceira maior arrecadação de royalties provenientes de Itaipu – cerca de R$ 2,5 milhões ao mês –, por ostentar uma das maiores estátuas de Nossa Senhora Aparecida da América Latina e, ainda, por ter sido declarado livre do analfabetismo em 2010, mas que vive em meio a um fogo cruzado.
Itaipulândia, nos últimos cinco anos, teve seis diferentes prefeitos. Nos seus 20 anos de emancipação política, a cidade já teve dois prefeitos cassados, um assassinado e foi comandada por dois vereadores em mandatos “tampões”, destaca reportagem da Gazeta do Povo.
O mais recente episódio político envolve o atual prefeito, Miguel Bayerle (PR), que comandou a cidade em duas gestões anteriores. No fim de abril, a juíza de São Miguel do Iguaçu, Patrícia Kelly Mantovani, determinou a cassação do mandato de Bayerle, acusado de compra de votos na eleição. Ele não quis comentar o caso, porque permanece à frente do município, amparado por uma decisão judicial. A defesa já interpôs recurso no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) contra a decisão da juíza.
A disputa acirrada na arena política, em parte, é explicada pelo dinheiro que chega até o paço municipal. Nos cofres da cidade de 10 mil habitantes já entraram US$ 234,9 milhões em royalties, desde que o benefício começou a ser pago. Os royalties são uma compensação direcionada aos municípios lindeiros ao Lago de Itaipu pelas terras alagadas durante a construção da usina. Em Itaipulândia, o montante representa cerca de 70% da arrecadação total.
A população sente na pele os efeitos desse embate. Em época de eleição, a pressão pela conquista de eleitores gera perseguições e ameaças. Fora da campanha, a luta dos moradores é para que os prefeitos continuem os projetos iniciados pelos antecessores.
Paralisação
Para os moradores, as sucessivas trocas de comando contribuíram para que a cidade ficasse paralisada. A população reclama da falta de obras e de empregos e da deficiência no atendimento da saúde, algo inconcebível no município agraciado pela dádiva dos royalties. “Aqui o povo não se entende”, diz a aposentada Cesira Piano, 70 anos. A exemplo de boa parte dos moradores, a dona de casa comenta que a população não vê os benefícios dos royalties.
Duas creches, construídas há mais de um ano, uma delas na comunidade de Santa Inês, estão vazias, sem mobílias e uso. Camila Drielle, 20 anos, mora em frente a uma delas. Com um filho de 2 anos e meio no colo, ela não tem onde deixar a criança e só vê a movimentação em torno do imóvel vazio. “A cada dois meses eles passam veneno para cortar o mato em volta”, diz.
Leia mais, em reportagem de Denise Paro, no site da Gazeta do Povo
Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo
Deixe um comentário