Os símbolos de Foz do Iguaçu são a água e a energia, costuma dizer meu amigo Caco de Paula, diretor do Núcleo Planeta Sustentável, da Editora Abril. Em Itaipu, temos água e energia. Mas no Parque Nacional do Iguaçu, este elo foi quebrado, há 30 anos, com a inundação do rio Iguaçu, que afetou a casa de máquinas da Usina São João, que funcionava dentro do parque e garantia energia para o abastecimento do mesmo.
Pois, hoje, demos um pontapé importantíssimo para o resgate da Usina São João. Técnicos da Itaipu apresentaram, na sexta-feira (15), ao chefe do Parque Nacional do Iguaçu, Jorge Pegoraro, um estudo para reativar a antiga usina e garantir, num futuro próximo, a mobilidade sustentável do parque.
de Gimar Piolla, superintendente de Comunicação da Itaipu Binacional, em seu perfil no Facebook. Leia a seguir o restante do post.
Fechada em 1983, após uma inundação do Rio Iguaçu que afetou a casa de máquinas, a pequena central foi inaugurada em 1942, três anos após a criação do parque. Abastecia o próprio parque e a cidade de Foz do Iguaçu com energia elétrica e foi e uma das primeiras construídas fora da capital do Estado.
O projeto foi coordenado pelo superintendente de Energias Renováveis de Itaipu, Cícero Bley Jr. E eu tive o privilégio de participar desde o início dessa articulação, que envolve engenheiros da Itaipu e do Parque Tecnológico Itaipu, concessionários do parque e técnicos envolvidos na conservação daquela unidade de conservação.
De acordo com Cícero Bley, a proposta contempla quatro eixos: a recuperação de um importante patrimônio histórico do município, hoje degradado; a promoção do conceito de mobilidade sustentável; dotar o parque nacional de autonomia energética; e desenvolver a educação ambiental e o turismo técnico-científico.
Uma das ideias é substituir, no futuro, a atual frota de ônibus movidos a diesel por modelos com motor elétrico, ou até mesmo se pensar numa alternativa de mobilidade sustentável do parque, como o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Todos abastecidos com a energia gerada pela usina São João.
Cícero Bley destaca a possibilidade de o visitantes descobrir, em pequena escala, como funciona uma usina e quais as vantagens da hidreletricidade como fonte de energia limpa e renovável. Trilhas ecológicas levariam os visitantes para conhecer a barragem e a casa de máquinas.
“Hoje, o turista que visita Foz do Iguaçu tem a oportunidade de visitar a maior geradora de energia do planeta, que é Itaipu Binacional. Com o projeto São João, ele poderá também observar como funcionavam as antigas centrais hidrelétricas, que no passado tiveram um papel decisivo para o desenvolvimento do país”, afirmou. “Tudo isso dentro de um patrimônio natural extraordinário.”
Jorge Pegoraro revelou que a recuperação da usina São João é um sonho antigo do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – que administra o parque nacional. A dificuldade era encontrar um projeto que aliasse a preservação do patrimônio histórico com a questão da sustentabilidade.
“Por isso, buscamos o apoio de Itaipu e repassamos todos os dados necessários. Estamos satisfeitos com o resultado porque o projeto leva em conta aspectos importantes, como a educação ambiental, e vem ao encontro das necessidades do parque”, comentou.
Segundo ele, uma equipe técnica será destacada para avaliar a proposta de Itaipu. Na sequência, começa a busca por alternativas para viabilizar a execução do projeto, incluindo a possibilidade de novas parcerias. “É importante destacar que a usina já está instalada e os impactos ambientais serão mínimos.”
Um pouco de história
A usina São João foi construída no Rio São João, que corta o parque nacional e desagua na margem direita do Rio Iguaçu. A unidade foi inaugurada em 1942 e, até 1957, forneceu energia para todo o parque, o Hotel das Cataratas e também para a cidade de Foz do Iguaçu.
Com a construção de novas unidades de geração na região de Foz do Iguaçu, nas décadas de 70 e 80, a participação da usina no abastecimento da cidade foi diminuindo.
Em 1983, um ano antes de Itaipu começar a gerar energia, uma grande enchente elevou o nível do Rio Iguaçu e inundou a casa de máquinas. De lá para cá, a usina São João nunca mais funcionou. As duas antigas turbinas foram levadas para o Ecomuseu, mantido por Itaipu.
Nova potência
O projeto de Itaipu contempla a possibilidade de repotencializar a antiga usina, amentando a capacidade instalada para até 910 KW. Quando foi projetada e construída, a capacidade era de 336 KW – o suficiente para abastecer o consumo médio de duas mil residências.
A decisão de aumentar ou não a carga da usina, segundo Cícero Bley, levará em conta estudos demanda, que ainda estão em elaboração. O objetivo é deixar a unidade do tamanho necessário para abastecer os veículos elétricos e gerar eletricidade para a usina.
O superintendente de Itaipu disse ainda que, estruturalmente, a usina São João apresenta boas condições – a barragem tem 4,7 metros de altura e aproximadamente 80 metros de extensão. Para que volte a gerar energia, serão necessários investimentos em equipamentos, como a aquisição de um novo conjunto de turbinas.
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