Folha de São Paulo
A usina de Itaipu, a segunda maior hidrelétrica do mundo em capacidade instalada, vai alcançar neste ano um recorde mundial na produção de energia.
Segundo o diretor-geral de Itaipu Binacional, Jorge Samek, o volume de geração vai ultrapassar a marca histórica de 2008, quando a usina produziu 94,6 milhões de MWh (megawatt/hora). Só no primeiro trimestre, Itaipu gerou 24,7 milhões de MWh, o suficiente para abastecer o Paraná por um ano ou Curitiba por cinco anos. Embora uma meta da direção binacional de Itaipu, a geração de 100 milhões de MWh não deverá ser alcançada em 2012. “Temos chances reais de bater o recorde de 2008 neste ano. Se a performance do primeiro trimestre for mantida, isso estará garantido”, disse Samek à Folha.
A usina instalada no rio Paraná, na fronteira entre o Paraguai e o Brasil, é a hidrelétrica que mais produz energia no planeta, embora seja a segunda em capacidade instalada -14 mil megawatts.
A usina de Três Gargantas, localizada na China, tem capacidade instalada de 18 mil megawatts, mas as condições geológicas do trecho do rio Paraná são mais favoráveis à produção.
Segundo o diretor-geral de Itaipu, o aumento na geração de energia decorre de três condições: crescimento dos mercados brasileiro e paraguaio, investimento em manutenção das 20 turbinas e grande volume de chuva no período do verão. “A capacidade hídrica [chuva] está muito boa. Os reservatórios do Sudeste estão com mais de 80% da capacidade, e o Nordeste, com 82%. Estamos só com problema no extremo Sul”, disse.
TARIFA MENOR – O recorde na produção de energia tem efeitos sobre a tarifa dos consumidores, mas só depois que a hidrelétrica obtém a receita para bancar seu financiamento. Para isso, a usina tem de gerar, pelo menos, 70 milhões de MWh/ano. O custo da energia até esse patamar é de US$ 39 por MWh.
Tudo o que exceder esse volume tem preço quase simbólico, de US$ 6 por MWh. A produção maciça de energia em Itaipu traz, portanto, um benefício ao consumidor final no Brasil. A tarifa média de Itaipu, considerando o excedente de mais de 20 milhões de MWh produzidos por ano, é de US$ 36 MWh.
SEM RESERVATÓRIO – O diretor-geral de Itaipu criticou a perda da capacidade de geração de energia com a redução do tamanho dos reservatórios das novas hidrelétricas, como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio. Condição para obter os licenciamentos ambientais, a construção de hidrelétricas “fio d’água” (que não têm capacidade de armazenar água no período chuvoso para uso no período seco) impõe perdas do ponto de vista energético ao país.
“Do ponto de vista da engenharia, os reservatórios teriam de ser bem maiores, o que daria mais segurança energética e não sujaria nossa matriz energética com a geração térmica”, disse. O Brasil explorou somente 30% do potencial hídrico, mas boa parte dos 70% está na região amazônica, uma área vigiada pela comunidade internacional.
Samek critica essa tutela. “Muitos [estrangeiros] vêm com o dedo sujo de petróleo ou de carvão questionar a ampliação do potencial hidráulico no Brasil.”
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