A Itaipu Binacional vai investir R$ 4,1 milhões para a construção de uma nova sede do hemonúcleo do Hospital Ministro Costa Cavalcanti (HMCC) em Foz do Iguaçu. O convênio com a Fundação de Saúde Itaiguapy, administradora do hospital, foi assinado no final de dezembro. Outro convênio, também no valor de R$ 4 milhões, prevê a ampliação dos serviços do Centro de Medicina Tropical da Tríplice Fronteira.
Os novos investimentos se somam aos R$ 64,7 milhões anunciados pela Itaipu em 2019 para a reforma e ampliação do HMCC. O hospital é referência para o Sistema Único de Saúde (SUS) e detém o nível máximo na certificação de qualidade de serviços de saúde da Organização Nacional de Acreditação (ONA), reconhecida pelo Ministério de Saúde.
“É importante que a população tenha serviços médicos de qualidade”, afirma o diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna, “com investimentos que têm impacto na vida das pessoas e ficam como legado para a sociedade”. Ele ressalta que promover o desenvolvimento sustentável da região, respeitando os princípios da boa administração pública, faz parte da missão da empresa.
“Estas obras complementam e consolidam as estruturas do Hospital Ministro Costa Cavalcanti para ampliar o atendimento da nossa população”, destaca o diretor superintendente do HMCC, Fernando Cossa. Ele agradeceu à direção da Itaipu pela “sensibilidade e decisão de investir no desenvolvimento de nossa cidade e região”.
O projeto do hemonúcleo já está aprovado e aguarda a liberação do alvará de construção pela Prefeitura de Foz do Iguaçu. Serão 1.468,47 metros quadrados de área construída, em terreno próximo ao hospital. Os R$ 4,1 milhões serão destinados às edificações e também para aquisição de mobiliários.
Abrangência
De acordo com o hospital, o hemonúcleo de Foz do Iguaçu abrange os municípios da 9ª Regional de Saúde, fornecendo hemocomponentes para 11 hospitais da região. A unidade é a terceira no Estado que mais coleta em volume de sangue e uma das menores em estrutura. São mais de mil doadores por mês e a expectativa é dobrar esse número com a nova unidade.
Atualmente, o banco de sangue produz 32.192 hemocomponentes por ano, promove 480 sangrias terapêuticas e atende a mais de 40 pacientes portadores de hemofilia. Periodicamente, a administração desenvolve estratégias de captação de doadores, mobilizando a população para que incorpore a doação de sangue de forma consciente e habitual.
A unidade trabalha com uma triagem clínica rigorosa e o candidato só doa sangue se estiver em boas condições de saúde. As informações prestadas são mantidas em sigilo e são de fundamental importância para a boa qualidade do sangue que será transfundido nos pacientes. Todo o material utilizado é descartável. A cada doação há uma nova avaliação clínica e o sangue é submetido a severos testes laboratoriais.
Centro de Medicina Tropical
O outro convênio assinado pela Itaipu Binacional e a Fundação de Saúde Itaiguapy prevê a ampliação dos serviços do Centro de Medicina Tropical da Tríplice Fronteira, incluindo reformas na atual estrutura (localizada na Avenida Araucária), novas edificações e aquisição de equipamentos, mobílias e insumos. Os investimentos previstos são de R$ 4 milhões, recursos de Itaipu.
Com a ampliação, o Centro de Medicina Tropical poderá atender cooperativas que atuam no setor do agronegócio. A ideia é transformar o espaço em um centro de referência para diagnóstico de sanidade animal — pilar da produtividade no campo —, oferecendo exames genéticos, microbiológicos e físico-químicos de alta qualidade.
O Oeste do Paraná é a região que concentra o maior rebanho de suínos no Estado e uma das maiores cadeias de produção de frango do mundo, abrigando as grandes cooperativas do País. Também produz carne bovina e leite. Exames de sanidade que hoje são feitos fora da região, com um custo maior e demora na obtenção de resultados, poderiam ser feitos no laboratório do CMT.
Os novos exames poderão diagnosticar tanto as enfermidades mais comuns em frangos, bovinos e suínos, como a salmonelose (infecção provocada pela bactéria salmonela) ou doenças do aparelho respiratório, até doenças as mais raras e inexistentes no Paraná (como peste suína). Outro serviço que poderia ser oferecido é o monitoramento da qualidade e sanidade do leite produzido na região.
Sobre o CMT
O CMT foi inaugurado em janeiro de 2017 e conta com um moderno laboratório de biologia molecular, de 240 metros quadrados. Em pouco mais de dois anos e meio, já realizou mais de 4 mil exames em vetores (mosquitos) para identificar a circulação de vírus de doenças como Chikungunya, Zika e Dengue dos tipos 1, 2, 3 e 4. A ação ajudou a evitar ou minimizar epidemias de dengue e outras doenças em Foz do Iguaçu e região.
Também foram realizados cerca de 400 exames em material genético humano, 400 em cães, 200 em equinos e 120 em primatas, além de 700 exames de DNA para verificação de casos de leishmaniose e outras enfermidades. Os serviços são solicitados pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), da Secretaria Municipal de Saúde, e clínicas veterinárias.
Antes do CMT, o município tinha que esperar a notificação da doença, coletar amostras de sangue humano e encaminhar o material para Curitiba, para análise. O resultado demorava até 90 dias, tempo que permitia o alastramento da doença.
O centro inverte essa lógica, aproveitando-se da estratégia do município em espalhar armadilhas para insetos na cidade (especialmente o Aedes aegypti). Amostras do mosquito são analisadas pelo CMT e, se o exame indicar circulação viral, o Município pode imediatamente desencadear ações de bloqueio nas regiões afetadas. Desta forma, elimina-se o mosquito antes da contaminação humana.
Em novembro de 2019, esta forma de trabalho foi publicada na Revista “Vector-Borne and Zoonotic Diseases”, por meio de um artigo sobre a Detecção Molecular do Vírus da Dengue em Mosquitos. A publicação científica comprova a eficácia na forma de trabalho do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e o Centro de Medicina Tropical (CMT) de Foz, que é analisar um indicador precoce para ajudar na prevenção de Dengue/Zika e Chikungunya e outras doenças em áreas endêmicas.
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