A política de reestruturação de gastos e custos da Itaipu Binacional, adotada na gestão do diretor-geral brasileiro, Joaquim Silva e Luna, manteve os investimentos considerados fundamentais na região. São cerca de 180 projetos que, juntos, somam mais de R$ 500 milhões. O valor equivale ao total de royalties que a empresa paga anualmente aos municípios lindeiros ao Lago de Itaipu.
“Isso demonstra que não estamos economizamos investimentos, e sim melhorando a qualidade dos nossos gastos”, disse o general, citando “uma série de obras, iniciativas e projetos estruturantes que têm relevância para a região do entorno da usina”.
Para manter o apoio, Silva e Luna determinou um rigoroso processo de análise de todos os convênios que estavam em andamento. Só foi permitida a continuidade de projetos com aderência à missão institucional de Itaipu. Convênios sem relação com a missão da empresa foram rescindidos ou não foram renovados; outros passaram por revisão, com valor menor.
“Os cortes e a reestruturação dos gastos têm como premissa a garantia da manutenção dos investimentos realizados pela Itaipu na região”, reforçou Silva e Luna. “Ao cortar excessos, podemos direcionar os recursos aos projetos que verdadeiramente geram legado e resultados expressivos à população e ao meio ambiente.”
A reorganização dos gastos permitiu ampliar os investimentos para obras de infraestrutura, como a construção da nova ponte sobre o Rio Paraná, entre Foz do Iguaçu (Brasil) e Presidente Franco (Paraguai), e a reforma e ampliação do Hospital Ministro Costa Cavalcanti (HMCC), o mais importante da região. Somente o hospital vai receber investimentos de R$ 64,7 milhões de Itaipu.
Outro investimento importante de Itaipu é no Aeroporto Internacional das Cataratas, que receberá R$ 15,5 milhões para obras de duplicação da pista de acesso e ampliação do pátio de manobra das aeronaves. Acordo assinado no final de junho com a Infraero também prevê transformar o espaço no primeiro aeroporto sustentável do País, dotado de sistemas como geração de energia fotovoltaica, gestão de resíduos sólidos e abastecimento de veículos elétricos.
Públicos e objetivos específicos
Os convênios com apoio de Itaipu alcançam público e objetivo específicos, contemplando áreas como o desenvolvimento social, econômico, turístico, tecnológico e sustentável. Uma preocupação central é garantir a qualidade da água do reservatório, principal matéria-prima para produção de energia.
O Programa Gestão por Bacia Hidrográfica, por exemplo, busca esse objetivo a partir do planejamento das ações de recuperação ambiental, uso da terra, conservação e manejo dos solos, com ações para favorecer a infiltração da água da chuva, prevenção da erosão e redução do lançamento de sedimentos nos rios.
O programa atua em 55 municípios do Oeste do Paraná, além de Mundo Novo (MS), com o envolvimento de órgãos de governo e comunidade. As ações de recuperação das matas ciliares e de educação ambiental contribuem para a manutenção da biodiversidade das microbacias e conectividade dos ecossistemas, garantindo segurança hídrica e sustentabilidade na produção de energia.
Outra iniciativa importante é o programa Coleta Solidária, que beneficia 790 agentes ambientais (catadores de recicláveis) dos 55 municípios da região. A empresa apoia a organização e a estruturação de toda a cadeia de coleta e processamento de resíduos, incluindo investimentos em infraestrutura.
Trata-se de uma ação que protege o ambiente, reduz o lançamento de lixo no reservatório, contribui para a conscientização ambiental, humaniza o trabalho e oferece uma nova oportunidade de renda para o trabalhador.
Criança e adolescente
Na área de responsabilidade social, um bom exemplo é o Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente (PPCA), desenvolvido por Itaipu em parceria com entidades de Foz do Iguaçu. Em 2019, o programa atende diretamente 3 mil crianças e adolescentes da rede pública de ensino em projetos ligados a esporte, educação, capacitação, formação profissionais e combate ao uso de entorpecentes.
Para participar do programa, os alunos devem estar matriculados na rede de ensino e ter frequência escolar. Também são feitos acompanhamentos de desempenho escolar e suporte social às famílias dos beneficiários.
Em 2019, ganhou impulso dentro do PPCA o projeto Meninos do Lago, voltado para alunos de 5 a 16 anos de idade. O número de vagas saltou de 100 para 600 e as aulas passaram a ser feitas também em centros de convivência da cidade; até o ano passado, estavam restritas ao Canal Itaipu.
A iniciativa é desenvolvida pelo Instituto Meninos do Lago (Imel) com apoio da Itaipu, da Federação Paranaense de Canoagem e da prefeitura de Foz do Iguaçu. Atletas paraolímpicos também serão beneficiados no futuro. A intenção é abrir o projeto para as crianças com deficiência, promovendo a inclusão pelo esporte.
Caminho profissional
Muitos jovens beneficiados pelos projetos sociais de Itaipu encontraram no esporte o caminho para a vida profissional. Edson André Cestari Monteiro é um exemplo. Ele começou no atletismo com 12 anos de idade e, aos 16, foi integrado ao projeto Jovens Atletas – Campeões do Futuro. Em 2014, venceu o Campeonato Brasileiro Interclubes, na categoria lançamento de dardo.
Fora das pistas, Edson era um estudante aplicado e hoje é profissional na área de nutrição esportiva. “Essa bagagem que eu recebi no atletismo formou o profissional que sou hoje. Porque eu já entrei na faculdade [de Nutrição] sabendo em qual área eu queria atuar”, diz.
Edson recorda que o projeto sempre exigiu bons resultados na escola e frequência nos treinamentos. “O projeto nos ensinou disciplina e ensinou que as coisas mais importantes têm que ser trabalhadas ao longo do tempo para serem conquistadas”, afirma. “Por isso, hoje, quem passou por esse projeto, com certeza é uma pessoa mais responsável, é uma pessoa que tem uma visão com um horizonte um pouco mais além do que o censo comum.”
Canoagem tem projeção internacional
A canoagem é a modalidade apoiada por Itaipu que vem conquistando mais resultados e projeção. A história começou em 2009, quando a empresa idealizou e implantou o projeto Meninos do Lago, com uma pista de treinos dentro do complexo hidrelétrico – o Canal Itaipu. A meta era atender jovens moradores de uma vila carente, próxima da usina.
Desde então, o projeto cresceu e consolidou Itaipu como a principal escola de canoagem slalom do País. Atletas revelados pelo Meninos do Lago alcançaram resultados expressivos, incluindo vários campeonatos brasileiros. Conquistas internacionais também apareceram, como o título pan-americano de Felipe Borges da Silva, no México, em 2014.
Ana Sátila, hoje com 22 anos, é a atleta que foi mais longe na categoria. Ela participa do projeto desde 2012 e, no ano passado, conquistou o Campeonato Mundial de Canoagem Slalom; no ano anterior, foi vice-campeã.
Ana também ganhou títulos pan-americanos e participou de duas Olimpíadas: na primeira, em Londres, era a atleta mais jovem da delegação brasileira; ela voltou a competir nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016.
“O projeto Meninos do Lago teve e ainda tem uma grande importância e influência na minha formação como atleta, proporcionando uma base inicial fundamental para o crescimento esportivo, resultando em conquistas expressivas”, afirma Ana. “Hoje o projeto possui vários atletas com um potencial imenso, graças ao apoio e suporte da organização durante esses anos.”
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