por José Pedriali
Intriga-me o silêncio de dona Gleisi Hoffmann, chefe da Casa Civil, ministério que preparou e vazou o relatório sobre as andanças nada discretas da primeira-amante Rose Noronha pelos desvãos do reino, repletos de oportunidade$.
O relatório, um marco na administração petista, porque ao menos deu um aspecto de seriedade a uma investigação envolvendo “companheiros(as)”, constrange o ex-presidente de direito e presidente de fato, Luís Inácio Lula da Silva.
Era graças ao relacionamento íntimo que mantinha com Lula que a primeira-amante conseguiu o que conseguiu, para si e sócios de empreendimento.
O relatório compromete Lula por apresentá-lo como dócil atendente dos desejos da companheira de alcova. Mas não se aventura – pelo menos é o que está na parte “vazada” à revista Veja – em pesquisar se Lula sabia ou não das maracutais de Rose.
Intriga-me o silêncio de Gleisi porque, até o momento, não veio a público sua indignação pelo vazamento (o que seria muito mais fácil de acontecer do que o próprio vazamento: bastava uma ligeira perfomance midiática, e pronto: a “indignação” da ministra ficaria estampada nos jornais e correria, célere, pelos porões da tropa de choque do PT na internet.)
Se não veio a público é porque não houve indignação – a ministra nem ao menos fingiu não saber de nada.
Sendo assim, conclui-se que Gleisi autorizou o vazamento. Ou foi a autora do vazamento.
A pergunta que não pode calar é: por quê?
Mesmo que o relatório tenha poupado Lula – repito -, os fatos que registra respingam em Lula. Porque ele foi o fiador de todas as ações subreptícias (pero no mucho) da primeira-amante.
Remember: Gleisi, quando senadora, foi uma das articuladoras da queda de Palocci, oferecendo na mansão que divide com o companheiro e ministro Paulo Bernardo, em Brasília, um amoço para Lula, onde a cabeça, corpo e membros do então ministro da Casa Civil foram o prato principal.
Palocci foi defenestrado em seguida e Gleisi levada para o lugar dele, com a benção do presidente de fato.
E ela agora o apunhala.
A pergunta final – maldosa e fatal: Gleisi estaria agindo assim de olho em 2018 para, em caso de reeleição de Dilma, comprometer a volta de Lula ao poder de direito e viabilizar-se para ocupar a vaga?
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