Fabiula Wurmeister
Gazeta do Povo
Médico psiquiatra, José Elias Aiex Neto, o Dr. Aiex (PSol), é conhecido por defender o debate político e a ideologia partidária não só durante as campanhas eleitorais. Disputando pela segunda vez a prefeitura de Foz do Iguaçu, onde vive desde 1990, iniciou na política ainda na década de 1970, quando surgiu o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que resultou no Partido Democrático Brasileiro (PMDB), destacando-se como dirigente partidário. Para o candidato da coligação Uma Nova Foz é Possível (PSol e PCB), a gestão de um município deve dar prioridade à participação popular.
O senhor acredita que os eleitores que optarem por seu nome farão isso por repúdio aos demais candidatos ou por convicção de que tem as melhores propostas para Foz do Iguaçu?
O voto ideológico está sendo relegado ao segundo plano, o que não aceito. No dia em que política for tratada sem ideologia, acabou a política. Ideologia vem de ideias e nós temos ideias para governar a cidade, que são as de fortalecer o coletivo, é essa a ideologia socialista. Diferente de muitas outras, que nada mais são do que jogos de interesse. Acredito que receberei votos de repúdio e votos ideológicos. As pessoas estão percebendo as negociatas em todos os níveis, a exemplo do governo Dilma tendo que negociar ministérios com partidos. Seja pelo viés ideológico, seja pelo viés de repúdio, todos os votos serão muito bem vindos.
O senhor é um dos candidatos que vem defendendo o debate político com apresentação de propostas para a cidade e não os ataques pessoais que acabam tomando conta da campanha. Qual tem sido a postura dos candidatos até agora? Essa será a tendência até o final?
Essa polarização que se está tentando criar entre os outros dois candidatos que reúnem o maior número de partidos tende a ser fratricida. A ânsia pelo poder é muito grande. Quem está no poder não quer sair e muita gente quer entrar. Existem muitos ataques sendo preparados. E por outro lado não se vê um conteúdo programático concreto.
Na sua opinião, qual é o maior problema hoje da cidade?
O principal problema é social. O pano de fundo disso é a violência, que gera uma série de efeitos, como na saúde. As maiores causas de mortes em Foz do Iguaçu são externas: homicídios e acidentes. Isso gera muitos gastos para o município e gera sofrimento. Essa violência tem muito a ver com o narcotráfico instalado aqui na fronteira. A ideia de cidade violenta prejudica a imagem de Foz do Iguaçu, o que acaba afastando investimentos e reduzindo as oportunidades de emprego. Um problema como esse não se resolve sozinho, sem a participação do governo do estado e do governo federal.
O senhor é médico, como avalia o atendimento de saúde e como pretende melhorá-lo?
Todos os problemas de uma cidade precisam ser resolvidos ouvindo-se a sociedade. Quando isso envolve temas como segurança e saúde, é preciso chamar a União e o governo do estado para que também assumam suas responsabilidades. Essa relação, no entanto, tem que ser uma relação republicana e não a da camaradagem. Muitos gostam de dizer que são amigos do governador, do presidente ou de um deputado despachante qualquer. É preciso estabelecer um pacto e um diálogo com a cidade, fazer um diagnóstico e ser transparente, reconhecendo os problemas. Outra coisa que eu costumo defender é o que chamo de “liturgia do prefeito”: o prefeito é a pessoa que tem que captar o que está acontecendo na cidade e agir de acordo com essa realidade. O prefeito não é só quem administra o bem público.
Lendo o seu plano de governo, a primeira expressão que se lê no início de cada proposta por setor é “a criação de conselhos populares”, seja para o transporte, a educação, a habitação, o turismo ou a saúde. A gestão ideal se dá por meio dessa prioridade da participação popular?
Nós defendemos o orçamento participativo e o governo junto com a sociedade por meio dos conselhos deliberativos. Os conselhos populares que queremos implantar em todos os setores são essenciais para que somar as forças da sociedade. Quero ter todos os conselhos como meus aliados. É preciso ter humildade, entender que uma pessoa sozinha não resolve todos os problemas, muito menos a crise social pela qual estamos passando.
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