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Inflação dispara e juro vai a 12,25%

Inflação dispara e juro vai a 12,25%

O pacote de maldades da presidente Dilma Rousseff ganhou mais um ingrediente. Como era amplamente esperado pelo mercado financeiro, o Banco Central aumentou ontem em 0,5 ponto percentual os juros básicos da economia, que passaram para 12,25% ao ano. A decisão, tomada de forma unânime pelo Copom, visa conter a inflação, que vai subir nesse início de ano, influenciada por aumento de impostos e reajuste de tarifas públicas. As informações são do Correio Braziliense.

Em um curto comunicado, divulgado após a reunião, o BC informou apenas que a elevação — a terceira consecutiva — foi adotada “avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação”. Para analistas, o teor do documento deixa a porta aberta para que o ritmo de alta da Selic seja reduzido para 0,25 ponto percentual na reunião de março, e o processo de aperto monetário se encerre. Se esse quadro se confirmar, a taxa pode permanecer em 12,50% até o fim do ano.

Com a alta dos juros, o país caminha na contramão da maioria dos bancos centrais do mundo, que está cortando as taxas. Ontem, por exemplo, o Canadá promoveu uma redução de 0,25 ponto percentual. Somente Mongólia e Bielorrúsia elevaram o custo dos empréstimos nesse início de 2015.

No mercado, a avaliação é que o BC brasileiro, sob o comando de Alexandre Tombini, está pagando o preço de ter sido leniente com a inflação nos últimos anos. Agora, mesmo com o baixo crescimento da economia, vê-se obrigado a aumentar juros para evitar a disparada no custo de vida. A previsão dos analistas é que o reajuste de preços administrados, como energia elétrica e passagens de ônibus levará a carestia a superar o limite de tolerância anual, de 6,5%, e a alcançar 7% nos próximos meses.

Expectativas

Especialistas viram no comunicado lacônico do BC um sinal de que a instituição tenta ganhar tempo para analisar o quadro econômico antes de decidir se vai manter o processo de alta de juros. Para a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, a autoridade monetária emitiu sinais divergentes entre a reunião do Copom de dezembro e a divulgação do Relatório de Inflação, no fim daquele mês.

Segundo ela, o BC tenta, agora, não dar pistas do que fará na próxima reunião. Entretanto, Solange ressaltou que, com a alta de preços administrados e de impostos, será inevitável aumentar ainda mais os juros para controlar a carestia. Ela projeta mais um ajuste de 0,5 ponto percentual da Selic na próxima reunião, em março, e outro de 0,25 ponto, no fim de abril. “O BC se deu um prazo para levar a inflação para a meta, de 4,5%, no fim de 2016. Quer coordenar as expectativas do mercado, mas precisará de uma dose maior de juros para isso”, avaliou.

Sílvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria comentou que as pressões inflacionárias devem continuar em 2016 e não permitirão que o BC cumpra a promessa. Para ele, a autoridade monetária está com credibilidade arranhada. “O trabalho feito nos últimos anos não foi bem visto pelo mercado. O custo para recuperar essa confiança é grande”, comentou.

Na lista negativa

Com a Selic em 12,15% ao ano, o Brasil é segundo colocado na lista de 40 países com maiores juros reais (acima da inflação). Conforme levantamento do portal Moneyou, a taxa chega a 5,41%, à frente de países como China, Índia e África do Sul. Somente na Rússia, que vive uma profunda crise econômica, o percentual é maior: 6,36%.

Na maioria dos países desenvolvidos, os juros básicos foram reduzidos para perto de zero para reanimar a economia, abalada pela crise global. Nos mercados emergentes, é comum elevar o custo do dinheiro para segurar a inflação e atrair investidores de curto prazo, acenando com taxas nas alturas. Em 26 dos países que compõem o ranking, os juros reais são negativos. Na média das 40 nações pesquisadas, o percentual chega a -0,9%.

Com prêmios de risco maior, o Brasil atrai especuladores interessados em ganhar dinheiro a curto prazo. É uma forma, embora não a mais correta, de fechar o rombo nas contas externas, já que a entrada de investimentos diretos, não tem sido suficiente.

O ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Roberto Luis Troster, comentou que a alta dos juros tem impacto negativo para os consumidores. Ele ressaltou, porém, que o efeito é pior no curto prazo. “Já vimos eventos semelhantes no passado e a economia se recuperou e voltou a crescer. A dificuldade é momentânea. O governo está na direção correta”, explicou.