Rogério Galindo, Caixa Zero
Há uma série de fotos na internet que circulam com a legenda “Quem quer faz, quem não quer arranja uma desculpa”. Na política funciona exatamente assim. E o governo federal vem dando uma amostra de como conseguir evitar fazer algo que você não quer. Arranja uma desculpa depois da outra para não fazer o que não quer. No caso, conceder um empréstimo de R$ 817 milhões ao Paraná.
A lista de desculpas é longa. E, se a história começou engraçada, agora já ficou cansativa. Primeiro, o problema era o fato de o governo paranaense ter ultrapassado o limite prudencial de gastos com funcionalismo. Ok. Quando isso foi resolvido, descobriu-se que o estado não gastou o suficiente em saúde. Quando veio determinação judicial para que o governo fizesse o empréstimo, vem a próxima desculpa: uma dívida de 23 anos atrás que ainda não teria sido quitada.
Se em todos os casos o governo federal agisse assim, sem problemas. Poderíamos dizer que se trata simplesmente de um governo muito rigoroso com o uso do dinheiro público. Mas todos os outros estados receberam o mesmo empréstimo. E não é possível acreditar que todos os outros tenham ficado abaixo do limite prudencial, tenham investido rigorosamente 12% em saúde e não tenham dívidas em aberto.
O que está em curso é nitidamente um plano político de não querer dar dinheiro para um adversário político. E quando alguém usa o Estado para fins eleitorais alguma coisa está tremendamente errada. Ninguém é ingênuo para achar que, por estarmos em uma República, todos os partidos serão tratados isonomicamente pelo governo central. Nunca funcionou assim, em nenhum lugar. Muito menos no Brasil. Mas há limites. E um deles é o limite do ridículo.
Nem se trata aqui de saber se o governo do Paraná deveria tomar o empréstimo. Tudo leva a crer que o governo estadual precisa desesperadamente do dinheiro porque não soube gerenciar o que tinha. Outras gestão pagaram tudo o que deviam sem pegar um tostão furado do governo. A atual administração foi perdulária e agora depende do governo adversário para conseguir uns trocados.
O que é mais grotesco em toda a história é o fato de que, quando foi para pedir dinheiro para a Copa do Mundo, o governo abriu o caixa rapidinho para o Paraná. Sem problemas. Agora, quando se trata de dinheiro para fazer o básico em um estado de 10 milhões de habitantes, não pode. Sinceramente, deixou de ser curioso ou engraçado há um bom tempo. Agora, já está mais para o lado do assustador.
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