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Implicada na Lava-Jato, Gleisi acusa adversários de tentar sepultar operação

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Ucho Haddad

Se excesso de desfaçatez fosse passível de tributação, os muitos milhões de reais que o Ministério Público Federal suspeita que a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) teria embolsado, como beneficiária do Petrolão e de outros esquemas criminosos do PT, não seriam suficientes para pagar sua dívida com o Leão.

Denunciada por cinco delatores da Operação Lava-Jato por recebimento de propina, indiciada, juntamente com o marido (o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva), por corrupção passiva, Gleisi está denunciando os adversários de tentarem barrar as investigações sobre o maior esquema de roubalheira institucionalizada da história, o Petrolão. Esse discurso oportunista surgiu no rastro da divulgação de diálogo entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR), ex-ministro do Planejamento, e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro.

Enredada cada vez mais nas malhas dessa operação da Polícia Federal, a senadora, se estivesse falando a verdade, estaria comemorando e não criticando essa iniciativa de barrar a Lava-Jato. Contudo, por Gleisi ser petista, sempre deve-se considerar que o seu pensamento pode ser exatamente o contrário do que ela própria balbucia.

A senadora, que acaba de voltar de um tour paradisíaco em Portugal, onde se deliciou com queijos, vinhos, vinhos e bacalhau, tudo bancado pelo contribuinte, diz que está pronta para lutar com todas as armas para recolocar o PT e sua amada “presidenta” de volta no Palácio do Planalto. Pelas primeiras iniciativas da senadora, dá para imaginar o que vem por aí.

Sem dúvida Romero Jucá errou ao cair na armadilha de Sérgio Machado, mas o que o ex-ministro sugeriu foi exatamente o que Lula cobrou de Dilma Rousseff e de alguns “companheiros”. Classificou a força-tarefa da Lava-Jato como “república de Curitiba” e disse que o procurador-geral Rodrigo Janot é ingrato por avançar nas investigações do inusitado esquema de corrupção.

Ademais, Gleisi deveria refrescar a memória, pois Dilma, figura que a senadora tanto defende e bajula, tentou obstruir o trabalho da Justiça ao nomear o antecessor como ministro da Casa Civil, enviando ao mesmo um termo de posse “chinfrim” para ser usado apenas em caso de necessidade. A manobra criminosa tinha como objetivo blindar Lula contra eventual mandado de prisão no escopo da Lava-Jato.

Em suma, o roto não pode falar do rasgado, e vice-versa, pois a política brasileira vive, não é de hoje, uma escassez de homens probos e preocupados com os interesses da nação. Fora isso, alguém que usa o dinheiro do contribuinte para difamar o próprio país em terras estrangeiras não tem moral para criticar quem quer que seja.