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Iguaçuense abandonada em Taiwan pede ajuda para voltar a Foz

Iguaçuense abandonada em Taiwan pede ajuda para voltar a Foz

Itamaraty garantiu passagens aéreas a Santina Pelentir Lu até São Paulo, mas família não tem condições de comprar bilhetes rumo à fronteira

Mayara Godoy – Reportagem

Ahistória da iguaçuense Santina Pelentir Lu comoveu até mesmo o ministro das Relações Exteriores, o embaixador Celso Amorim. Ela tem vivido um verdadeiro pesadelo em Taiwan (República da China), onde está desempregada, doente e sozinha. Tudo o que Santina quer é voltar para o Brasil, mas ela — tampouco sua família — não tem dinheiro para comprar as passagens aéreas.

Santina se casou com o chinês Lu Shih Lun em 1º de março de 2001, quando ainda morava em Foz do Iguaçu. Aqui nasceu seu primeiro filho, o menino Brian. Pouco tempo depois, com ela já grávida novamente de cinco meses, o marido resolveu mudar-se com ela e o filho pequeno para Taiwan. Segundo relatos da mãe de Santina, dona Ana Pelentir Madeira, a partir de então a vida da filha transformou-se em um sofrimento sem fim. "Aqui ele já era ruim para ela, mas lá piorou", resumiu.

Ana lembra que, lá em Taiwan, até mesmo para alimentar-se a filha era obrigada pelo marido a trabalhar, pois ele não permitia que ela comesse da comida que ele comprava. "Ele não dava comida para ela, não levava ao médico, ela que tinha que pagar (as consultas) e comprar os remédios. Até mesmo se ela saísse de casa e voltasse quando estava escurecendo, ele não abria a porta para ela. Ela tinha que ir para a casa de alguma amiga pousar, para não dormir na rua", revelou a mãe.

Após tanto sofrimento, tendo inclusive sido agredida fisicamente pelo marido, Santina se separou judicialmente de Lu Shih Lun, há cerca de um ano. Mas agora, doente, ela não consegue mais sequer trabalhar como faxineira — ocupação que lhe rendia algum dinheiro para sobreviver e sustentar a filha mais nova, Ana Jéssica, de seis anos. "Há 15 dias ela está sem poder trabalhar. E os médicos de lá não descobrem o que ela tem. Ela já ficou várias vezes internada", comentou Ana. Ela está hospitalizada novamente desde anteontem e deve permanecer mais quatro dias no hospital.

Segundo a mãe, a filha está passando por muitas necessidades e quer voltar o quanto antes para junto da família em Foz do Iguaçu. "Quando eles estavam casados, ele agrediu ela, e ela deu parte dele. Mas agora, mesmo separados, ele vai lá na quitinete dela brigar com ela", informou. Além disso, ele não permite que ela veja o filho, que ainda mora com o ex-marido. "Ele não deixa o menino ir à casa dela", lamentou. Quanto à filha mais nova, Santina ganhou a guarda dela na Justiça, após um ano de brigas judiciais. O motivo foi que ele, certa vez, raptou Ana Jéssica e desapareceu por três dias.

Intercessão

Diante da situação desesperadora, o tio de Santina, Cirineu Madeira, procurou a Secretaria Municipal de Assuntos Internacionais para pedir ajuda. De pronto, no dia 6 de março, o secretário Sérgio Lobato da Mota Machado encaminhou um ofício ao ministro Celso Amorim relatando a história da moça e solicitando o apoio do governo brasileiro para trazê-la de volta à sua pátria. "Hoje me ligaram de Brasília para confirmar a passagem até São Paulo. Mas nós não temos condições de pagar de lá para cá", comentou a mãe.

Agora, a família precisa contar com a solidariedade alheia para arrecadar o dinheiro das passagens aéreas de São Paulo a Foz do Iguaçu para Santina e Ana Jéssica. "Eu também trabalho de empregada doméstica, e os irmãos dela também todos ganham pouco. Ninguém tem condições de comprar as passagens", lamentou.

Saudade

Há sete anos, desde que Santina se mudou para Taiwan com o marido, a família não a vê mais. "Ela nunca mais veio para cá. Só falamos com ela pela internet ou telefone", disse a mãe. "Ela está sozinha lá. Só ela e a filha. Tinha uma amiga dela que morava lá também, mas já tem um ano e meio que veio embora e voltou mais, também pelos mesmos problemas com o marido, outro chinês", acrescentou Ana.

Emocionada, a mãe relatou estar muito feliz e aliviada pela filha ter conseguido as passagens para o Brasil, mesmo que ainda falte arranjar o dinheiro para trazê-la de São Paulo para Foz. "Já chorei tanto hoje, porque finalmente ela conseguiu", desabafou. Ela ainda fez um apelo. "Se alguém pudesse ajudar, nós ficaríamos muito felizes, eu agradeceria muito, porque queremos trazer minha filha de volta. Agora só falta a passagem de São Paulo para cá", pediu.

Solidariedade

Quem quiser ajudar a família de Santina a comprar as passagens para Foz do Iguaçu pode entrar em contato com a mãe dela, Ana, pelo telefone 3027-7048, ou com o tio, Cirineu, pelos celulares 9976-5035 e 8811-1660.