Abandonada em meio à Mata Atlântica, sob a proteção única da natureza que lhe preservou a estrutura arquitetônica do século passado, a Igreja Bom Jesus do Cardoso, localizada na estrada do Inhaia, distante dois quilômetros de Morretes, ganha vida nova.
Patrimônio histórico e palco de cultos e festas religiosas, que movimentavam a cidade de Morretes, no litoral paranaense, a igrejinha está sendo restaurada pelo empresário curitibano, Ademar Batista Pereira, que comprou a área de preservação da antiga indústria de lápis, Johan Faber.
“Em uma picada, dentro da mata, me deparei com este santuário, lamentavelmente destruído pela ação do tempo. Quem me levou ao local foi o empresário Jean Hunzicker e, na hora, já me decidi pelo seu restauro”, conta Ademar Pereira, dono do Torres Eventos e escola Atuação e agora investe na área imobiliária em Morretes, onde construirá um condomínio de chácaras.
RESTAURO DA IGREJA
Tão logo deixou a área, o empresário, em conversa com sua esposa, Ester, devota de Nossa Senhora Aparecida, contratou uma equipe de trabalhadores para recuperar a igreja e seu entorno.
A pequena igreja foi edificada pelo então dono da maior e mais produtiva mineradora de ouro, “Pena Joia” , de Morretes, sargento-mor Domingos Cardoso de Lima, proprietário da terra à época dourada do ouro nos rios da Mata Atlântica do litoral paranaense.
O escritor José Francisco da Rocha Pombo citou, em seu livro “O Paraná no Centenário”, a Igreja Bom Jesus do Cardoso, edificada sobre uma colina, onde “celebravam-se os terços tradicionais, ficando conhecida como a Festa do Cardoso”.
Pouco se sabe sobre a história de Domingos Cardoso de Lima. O historiador e escritor, Eric Hunzicker, disse que se tratava de um homem muito rico, devido ao sucesso da mineração de ouro e egocêntrico.
“Ele tinha uma banda de música própria e contam historiadores que quando ele viajava a Paranaguá enviava na frente seus serviçais e a banda de música. Na entrada da cidade, quando ele aparecia, a banda tocava e os serviçais soltavam foguetes para anunciar sua chegada”.
FAMILIA MALUCELLI
Depois da família Cardoso e por décadas – possivelmente cinco – a igreja ficou sob a guarda e os cuidados da família Malucelli tendo, à frente, Leonel, Olinho, Vicente e João Ville, conta Wilson Malucelli, que também participava das orações e festividades na capela.
Wilson Malucelli, conhecido como o “inventor” pelas suas construções exóticas de rodas d’água e pequenos alambiques de cachaça, relata que a última pessoa que estava cuidando da Igreja era Edith De Bona.
Infelizmente, diz ele, tivemos que entregar a chave da igreja para o pároco de Morretes, pois como não tinha nenhuma comunidade próxima à capela, ela sofria ação de vândalos que roubavam bancos e altares, além de quadros de santos. Isto desestimulou a família Malucelli.
Os Malucellis também são benfeitores no Porto de Cima, onde o empresário Joel Malucelli participa das recuperações da Igreja de São Sebastião do Porto, juntamente com seus familiares que possuem um condomínio próximo ao local.
Ademar Pereira disse que vai fazer todo o restauro da igreja e espera que a comunidade local e mesmo de Morretes o apoiem nesta empreitada, enviando dados históricos, imagens e até mesmo o sino da Igreja que ninguém sabe onde se encontra. Os bancos e alguns quadros foram doados para a Igreja localizada na Vila das Palmeiras, também em Morretes.
A notícia sobre a restauração da igreja Bom Jesus do Cardoso levou várias pessoas de Morretes a postarem suas impressões sobre a iniciativa nas redes sociais. Todos elogiam a atitude do empresário curitibano e alguns criticam o descaso do governo municipal com o patrimônio histórico de Morretes.
Fonte: Paraná Portal
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