Pesquisa indica que nomes citados para Presidência sofreram desgaste
A elevada taxa de rejeição aos nomes lembrados para a próxima corrida presidencial, divulgada ontem pelo Ibope, representa um descontentamento geral com a classe política, na opinião de cientistas políticos ouvidos pelo jornal “O Globo”. A pesquisa, com margem de erro de 2 pontos para mais ou menos, mostra que o ex-presidente Lula tem rejeição de 55%.
Em seguida, aparecem o senador José Serra PSDB-(SP), 54%; o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, 52%; o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), 52%; a ex-ministra Marina Silva (Rede), 50%; e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), 47%.
Foram ouvidas 2002 pessoas em 140 municípios de 17 a 21 de outubro. Esses percentuais se referem aos que concordaram com a afirmação: “Não votaria de jeito nenhum para presidente da República”.
Para o cientista político Benedito Tadeu César, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o resultado revela a insatisfação com a forma como “se faz política no país”:
— A crise política é a expressão da ausência de grandes lideranças. Isso é preocupante. Se, por um lado, obriga a uma reformulação da classe política, por outro preocupa porque, quando isso ocorre, abre um vácuo que pode ser ocupado por qualquer um. A negação da política leva a um quadro perigoso.
Já Ricardo Ismael, professor da PUC-Rio, diz que a pesquisa não é conclusiva e deve ser vista com ressalva, por exemplo, ao indicar empate técnico nas intenções de voto (soma de quem “votaria com certeza” e quem afirma que “poderia votar”) entre Aécio (42%), Lula (41%) e Marina (39%):
— A pesquisa de intenção de voto, estimulada ou espontânea, provavelmente daria Aécio liderando. Lula está sofrendo nos últimos dias com notícias negativas associadas a ele, mas ainda conta com um percentual de votos que deve ser maior que o de Dilma. O governo dela afundou, mas acho que o Lula consegue descolar um pouco — diz Ismael.
Apontada como terceira via em 2014, após a morte de Eduardo Campos (PSB-PE), o índice de rejeição de Marina não surpreende Cláudio Couto, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo:
— A rejeição dela começou na campanha do ano passado. Em certo momento, ela ameaçou as outras campanhas e desabou, porque aumentou a rejeição sobre ela. Não chega a ser surpresa. Ela já tinha rejeição, então é uma continuidade.
As investigações da Operação Lava-Jato e os indicadores da economia formam, para Tadeu César, um cenário de difícil previsão para a próxima eleição presidencial.
— Como não há processo de renovação em curso, o quadro de rejeição pode se manter, mas as coisas mudam muito. Passamos por um processo de deterioração da classe política. Nunca houve tanta investigação. Ao mesmo tempo, há uma amplificação da divulgação dessas investigações. (* Estagiário sob supervisão de Carter Anderson)
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