Diego Escosteguy, Época
A nova delação premiada da Operação Lava Jato envolve o maior lobista da Petrobras. Hamylton Padilha, o discreto mas poderoso lobista, atua sobretudo com a venda e o aluguel de sondas para perfuração de poços, o mais lucrativo dos negócios no mundo do petróleo. Hamylton confessou a procuradores ter pago propina a ex-diretores da estatal para que empresas representadas por ele fossem contratadas. O lobista não só falou como entregou cópias de depósitos em contas secretas no exterior. De acordo com Hamylton, Nestor Cerveró e Jorge Zelada, ex-diretores da área internacional da estatal, Renato Duque, ex-diretor de serviços, e operadores políticos do PMDB foram favorecidos com esses depósitos. No caso de Zelada, segundo Hamylton, o responsável por recolher a propina foi o empresário Raul Schmidt, uma espécie de sócio de Zelada.
Em sua delação, Hamylton Padilha contou ter pago propina para que a Petrobras alugasse dois navios-sonda. Ele confessou ter intermediado o aluguel do navio-sonda Vantage Drilling, em 2009. O aluguel dessa sonda custou US$ 1,6 bilhão à Petrobras. O contrato foi fechado por Jorge Zelada, diretor internacional da estatal e indicado pela bancada do PMDB da Câmara. Para esse negócio prosperar, Hamylton afirmou ter divido propina, nesse caso, com o operador do PMDB na área internacional da Petrobras: João Augusto Henriques. Hamylton disse que o dinheiro repassado para Henriques tinha políticos do PMDB como destinatários finais. As informações repassadas por Hamylton aos procuradores confirmam reportagem publicada por ÉPOCA em agosto de 2013 (As denúncias do operador do PMDB na Petrobras), na qual João Henriques afirmou ter a obrigação de repassar parte do que ganhava como operador para o PMDB.
A delação de Hamylton Padilha prosseguirá com outros temas. Ele ainda precisará esclarecer aos procuradores o que fez, exatamente, para ajudar o BTG Pactual na compra de ativos da Petrobras na África – o banco virou sócio da estatal. Foi o maior negócio feito pela Petrobras na gestão da ex-presidente Graça Foster: US$ 1,5 bilhão. A negociação, antecipada por ÉPOCA em março de 2013 (O feirão da Petrobras), foi polêmica. Especialistas no setor de petróleo, além de funcionários da cúpula da estatal, afirmam que o BTG pagou pouco para participar como sócio da extração das preciosas reservas da Petrobras no continente, especialmente na Nigéria.
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