Na reta final para o primeiro turno, o presidenciável Fernando Haddad (PT) começa a semana recebendo instruções do ex-presidente Lula, preso na carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba desde abril deste ano. É a 15.ª vez que o ex-prefeito de São Paulo vem a Curitiba (PR) para conversar com o líder petista, a quarta como candidato do partido à Presidência da República. As informações são de Felipe Ribas e Débora Álvares na Gazeta do Povo.
Haddad tem por hábito visitar Lula na cadeia toda segunda-feira. Nesta segunda (1º), ele teve um encontro com o ex-presidente pela manhã. O candidato chegou à PF por volta das 10h35 da manhã e foi recebido por manifestantes petistas e políticos do partido, como Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e Mirian Gonçalves, candidata à senadora pelo Paraná. Haddad vestiu um colete vermelho e um cocar a pedido de uma militante indígena, como forma de assumir compromisso com a causa, antes de entrar para fazer a vista.
Depois de mais de duas horas, Haddad saiu da carceragem e falou rapidamente com a imprensa. Ele repudiou a decisão do ministro Luiz Fux que suspendeu a liminar concedida pelo ministro Ricardo Lewandowski autorizando o ex-presidente Lula a conceder entrevista à Folha de S.Paulo. O petista classificou a decisão de Fux de “violação à liberdade de imprensa”.
Também criticou a revista IstoÉ, que divulgou no fim de semana uma matéria de capa afirmando que Lula envia bilhetes para aliados e caciques de outros partidos prometendo recursos para campanhas e cargos em um eventual governo Haddad em troca de apoio.
A úncia pergunta que o candidato respondeu foi sobre a possibilidade de o PT fazer uma nova Constituição. Haddad disse que a ideia do partido não tem relação com a defendida pelo general Mourão, vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL). Mourão é a favor de fazer uma nova Constituição elaborada por notáveis. O petista defendeu a realização de uma Constituinte para tratar das reformas necessárias, como a tributária, trabalhista e da Previdência.
Caminhada
À tarde, Haddad, militantes e outros políticos do PT seguiram para uma caminhada com apoiadores pelo calçadão rua XV de Novembro, no Centro de Curitiba. Depois, se concentraram na Praça Santos Andrade, também na região central, e discursaram para os presentes. A concentração para o ato foi marcada para às 11h, mas o início foi postergado, já que o candidato chegou somente no fim da manhã para conversar com Lula.
Haddad discursou por seis minutos e, durante a fala, criticou novamente a decisão do ministro Fux, atacou seu adversário Jair Bolsonaro e elogiou o movimento “#EleNão”, que levou milhares de mulheres às ruas neste fim de semana contra o candidato do PSL. A Polícia Militar calculou que 500 pessoas participaram do ato. Já os organizadores falam em 4 mil.
Ainda nesta tarde, Haddad firmará compromissos com as lideranças dos sindicatos de trabalhadores do Paraná durante sabatina da Força Sindical do Paraná. O evento faz parte do projeto “Eleições 2018: o Brasil tem jeito”, que também já teve a presença do candidato a presidente Ciro Gomes (PDT).
O ato desta segunda é a primeira agenda de rua do candidato do PT em Curitiba, após sua candidatura ter sido protocolada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em agosto, ele participou de um evento em Curitiba, mas ainda como porta-voz do ex-presidente Lula. Depois, teve encontros com Lula na cadeira, mas não participou de eventos de rua.
Ordem: atacar Bolsonaro
Conforme apurou a Gazeta do Povo com mais de 15 pessoas que atuam, internamente ou regionalmente, na campanha do PT ao Planalto, Lula ordenou que Haddad comece a brigar com Jair Bolsonaro (PSL) já nesta semana.
A estratégia seria adotada somente no segundo turno, mas foi antecipada pela rapidez na transferência de votos e pela certeza, na visão de Lula, de que o partido estará no segundo turno. A orientação teria sido dada a Haddad na segunda-feira (24) passada, quando ele também esteve em Curitiba conversando com o ex-presidente.
Até semana anterior ao dia 24 de setembro, a avaliação era que esse embate com Bolsonaro poderia ser deixado para os demais adversários e adotado apenas no segundo turno. O ex-presidente também mudou de ideia ao tomar conhecimento de pesquisas internas que demonstram migração de votos em áreas tradicionais do PT, como periferias do Rio e São Paulo, para o Bolsonaro.
Ao atacar Bolsonaro, a campanha do PT também vai aproveitar para surfar na onda das manifestações contra o candidato do PSL. O fim de semana foi marcado por atos em todo o Brasil organizados por mulheres contra o capitão da reserva. Por outro lado, apoiadores de Bolsonaro reagiram rápido e foram para a rua mostrar apoio ao deputado.
link matéria
https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2018/haddad-vai-a-cadeia-pela-15-vez-para-receber-instrucoes-de-lula-4wruyjr78imida4ze2r9mwteh
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