O Paraná mantém sete universidades públicas estaduais. É, portanto, o governo regional que proporcionalmente mais investe em ensino superior no Brasil. São cerca de R$ 2,5 bilhões, oriundos de impostos pagos pelos contribuintes paranaenses, que irrigam os cofres das reitorias anualmente, apesar da formação universitária ser uma obrigação da União.
Alegando autonomia para gastar a dinheirama, os reitores instituíram seus feudos e evitam, de toda a forma, a entrada de intrusos em seus condados e ducados. Apesar de constituir um reino, a quem juram obediência, os castelos universitários são guardados por todo o tipo de artefatos bélicos, usados sem dó nem piedade contra questiona o que acontece lá dentro.
Há, portanto, algo errado nisso tudo. Pode-se questionar, por exemplo, os vencimentos dos reitores. Nas universidades de Maringá (UEM) e de Londrina (UEL) eles ganham acima do teto constitucional – R$ 34 mil e R$ 35 mil, respectivamente, sem redutor. É mais do que recebe o prefeito, o governador, o presidente da República e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Não é só o salário deles que causa estranheza. De forma geral, o gasto com pessoal nas universidades é um espanto. A UEL revela que 98% do que recebe do Estado vai para a folha. Nas demais instituições esta despesa varia de 93% a 96% do orçamento. O governo e o Tribunal do Contas querem saber como o dinheiro é distribuído entre o corpo de servidores. Para isso, exigem que as universidades ingressem no sistema que já administra a vida laboral de quem atua nos demais órgãos públicos estaduais – o Meta4.
Berreiro generalizado. A medida fere a autonomia universitária, gritam os gestores da UEL, UEM e Unioeste em discursos radicais nos quais refutam a adesão. Autonomia universitária não significa autossuficiência financeira, rebate a secretária da Administração, Márcia Carla Ribeiro. Para ela, todas as estruturas bancadas pelo contribuinte têm a obrigação de prestar contas das suas despesas. Isso vai além de dar transparência ao gasto, trata-se de praticar a necessária responsabilidade fiscal e austeridade com o dinheiro público.
O argumento da secretária sensibilizou os reitores da UEPG (Ponta Grossa) e Unicentro (Guarapuava). Eles se comprometeram a enviar os dados da folha para o Meta4. A UENP e a Unespar, as mais novas da família, já nasceram dentro do sistema. Se a maioria entendeu tratar-se de um ato em favor da sociedade, por qualrazão as outras três batem o pé?
Deixe um comentário