Por Vítor Ogawa, na Folha de Londrina:
A empresa Transportes Coletivos Grande Londrina (TCGL) demitiu ontem quatro cobradores de ônibus. No dia 11, o Sindicatos das Empresas de Transporte Coletivo de Londrina (Metrolon) convocou uma entrevista coletiva para garantir que nenhum funcionário seria demitido.
Na coletiva, Gildalmo de Mendonça, diretor do Metrolon, havia assegurado que os funcionários poderiam ser remanejados para outras funções. Ele afirmou que havia 20 vagas para condutores que poderiam ser ocupadas e que eles poderiam ocupar funções como despachantes, fiscais de tráfego ou vendedores de crédito para cartões.
Apenas um dos quatro funcionários demitidos procurou o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Coletivos (Sinttrol). Jarbas Aparecido de Jesus foi demitido na manhã de ontem quando iria assumir o seu posto na linha de ônibus.
Antes de ser dispensado perguntou se não havia possibilidade de remanejamento, mas foi informado que não. Jesus chegou a cogitar ocupar um cargo administrativo na empresa, pois afirma que já possuía experiência como auxiliar.
O ex-cobrador cogita a possibilidade de ter sido mandado embora porque possui um blog em que escrevia sobre o cotidiano dos cobradores e onde publicou algumas críticas ao Executivo municipal sobre a condução da proposta de retirada dos cobradores das linhas de ônibus.
O diretor da TCGL, Gildalmo de Mendonça, explica que os motivos para a demissão desses funcionários são particulares e não têm nada a ver com a proposta de retirada dos cobradores das linhas de ônibus. ” Trata-se de uma rotina da empresa que eu nem tenho o conhecimento dos motivos, pois cabe ao setor operacional determinar quem será dispensado ou não”, comenta. Mendonça relata uma conversa com o presidente do Sinttrol, João Batista da Silva, contando que essas demissões não tinham relação alguma com a proposta de retirada dos cobradores.
”Não havia motivo algum para mandar esses funcionários embora, pois se tivesse algum eles seriam dispensados por justa causa”, argumenta. Segundo Mendonça, existem 480 cobradores e não seria a demissão de três funcionários que poderia resolver alguma coisa.
O presidente do Sinttrol afirma que o sindicato garante a assessoria jurídica para os demitidos. ”Se mandarem mais cobradores embora, nós podemos antecipar o protesto e paralisar as atividades”, ameaça. Ele diz que a atitude da Grande Londrina pode ser considerada uma espécie de assédio moral contra os empregados, pois é uma forma de exercer pressão sobre os funcionários. ”Trata-se de um crime contra a organização do trabalho.”
Ele diz que a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) realizará um estudo que demorará 60 dias para ficar pronto e que até lá nenhum veículo sairá sem cobrador. Sobre a demissão dos funcionários, o presidente do Sinttrol afirma que conversou com o diretor da TCGL e ouviu que essas demissões já estavam em pauta antes da proposta de retirada dos cobradores ser feita.
Batista diz que não acredita que essas demissões sejam normais, pois afirma que existem funcionários que estavam negociando a demissão para receber o fundo de garantia, mas tiveram seus pedidos negados. ”Pegaram os que não queriam sair e mantiveram os que pediram para serem dispensados”, afirmou.
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