Prestes a assumir em primeiro mandato os respectivos governos estaduais, o paranaense Ratinho Junior (PSD), o catarinense Carlos Moisés (PSL) e o gaúcho Eduardo Leite (PSDB) terão de sentar à mesa para discutir os caminhos do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul. Administrado em parceria pelos três estados da região Sul, o BRDE muda de comando em fevereiro de 2019, com indicação de diretores a ser feita pelos novos mandatários, mas o banco mal foi citado nos planos de governo apresentados durante a campanha eleitoral. As informações são de Cristina Seciuk na Gazeta do Povo.
A proposta do eleito em Santa Catarina não menciona o BRDE. Já o programa de Ratinho Junior trata especificamente da entidade, mas de modo muito pontual: elenca, dentre as propostas para o desenvolvimento regional, a requalificação e reorganização do Sistema Paranaense de Fomento, incluindo aqui a Fomento Paraná e o BRDE.
Por fim, a única proposta do governador eleito no Rio Grande do Sul e que menciona a entidade fala em incrementar financiamentos para o setor produtivo por meio do Badesul, do BRDE e do Banrisul, de um modo na contramão das intenções recentes da gestão que deixa o Palácio Piratini no fim do ano. A atual gestão defendeu a privatização do banco regional como parte das contrapartidas a serem oferecidas para garantir a adesão do Rio Grande do Sul ao Regime de Recuperação Fiscal da União.
Venda da fatia gaúcha chegou a ser cogitada
Em tratativas com o governo federal para conseguir uma trégua temporária no pagamento da dívida, a venda da fatia gaúcha do BRDE chegou a ser cogitada, mas hoje está fora da relação de empresas apontadas para passar pelo processo de desestatização. Em entrevistas recentes à imprensa local, o governador eleito também não cita o banco de desenvolvimento entre as estatais que poderiam deixar o guarda-chuva do governo. Nesse sentido, o atual diretor-presidente do BRDE, Orlando Pessuti, diz acreditar que aquela intenção esteja totalmente superada.
“Eu me conheço na vida pública há 35 anos e sempre em início de governos falou-se se o BRDE deveria continuar ou não deveria continuar. Mas eu acredito que esse assunto está completamente superado pois todos entenderam que o BRDE cumpre papel importantíssimo entre os que atuam no fomento e desenvolvimento, estamos fortalecidos. Hoje temos mais de 1 bilhão e 200 milhões de capital social”. Ainda sobre quaisquer chances de investidas nesse sentido reforça que haveria dificuldades “até porque extingui-lo, fatiá-lo, depende da vontade de três governadores, precisa passar pelas três assembleias legislativas, e o G7 sempre foi firme na defesa do BRDE” afirmou, em alusão ao futuro vice-governador do estado, o empresário e presidente do Sistema Fecomércio, Darci Piana.
Pessuti permanece na presidência do BRDE até fevereiro de 2019, quando completa seu ciclo de um ano e quatro meses à frente do banco e fecha a gestão da atual diretoria, iniciada em 2015. Assim, no começo dos mandatos os eleitos Ratinho Junior, Eduardo Leite e Carlos Moisés devem indicar a nova diretoria, com integrantes que vão se alternar na presidência do Banco por períodos de 16 meses, completando o rodízio entre os estados dentro do tempo de mandato dos governadores.
Nesse cenário, Orlando Pessuti afirma que até o momento não houve contato por parte de nenhum dos três governadores eleitos, mas destaca que já conversou informalmente com Ratinho Junior e com o futuro vice do Paraná, ainda que superficialmente.
Na avaliação do diretor-presidente, o diálogo deve ser iniciado ainda nas próximas semanas, com a aceleração dos processos de transição: “acreditamos que é um marco inicial desse processo de conversação que haverá com o BRDE, que é um banco muito importante para os três estados. Lendo os programas de governo a gente vê que tem muita coisa proposta no desenvolvimento regional, local, na sustentabilidade, e o BRDE está muito presente nessas questões”, defende.
Levando-se em conta o programa do futuro governador do Paraná, acredita-se em uma intenção de fortalecimento do banco, possivelmente com a inserção do mesmo no circuito de fomento a Parcerias Público Privadas. Defendidos por Ratinho Junior para aplicação em diversas áreas, a estruturação de projetos de concessão e de PPPs aparece entre as atribuições do BRDE desde novembro passado, quando a autorização para tal foi publicada em despacho do executivo no Diário Oficial. Apesar dessa leitura possível, a assessoria de imprensa de Ratinho afirma que é cedo para qualquer posicionamento mais claro com relação ao BRDE e que a equipe precisa de mais volume de informações para que se possa fazer uma análise sobre o banco; situação que deve estar mais bem delineada a partir do início da transição.
A Gazeta do Povo não conseguiu contato com a assessoria de imprensa de Eduardo Leite, governador eleito pelo Rio Grande do Sul, e não teve retorno da equipe do futuro governador de Santa Catarina até a publicação desta reportagem.
Conversas seguem entre os eleitos
Na última semana, os três governadores conversaram informalmente sobre o BRDE durante o Fórum dos Governadores Eleitos, realizado em Brasília. A informação foi divulgada por Ratinho Junior em postagem feita nas redes sociais; e nesta terça (20) os eleitos voltam a se encontrar em Porto Alegre durante a entrega de premiação às empresas vencedoras do ranking Grandes & Líderes – 500 maiores do Sul 2018, organizado pela revista Amanhã.
Apesar de dar a largada para o diálogo sobre o banco, nenhuma discussão oficial está prevista na agenda do futuro governador paranaense.”
link matéria
https://www.gazetadopovo.com.br/politica/parana/governadores-eleitos-da-regiao-sul-discutem-futuro-de-banco-regional-16fxpv64jldlfb4z20cs5j83n/
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