Não há como negar o jornalismo rasteiro da Globo neste último domingo, 18, no qual a emissora coloca um repórter por dois meses como gestor de compras de um hospital no Rio de Janeiro. O repórter para comprovar a tese da pauta do Fantástico – corrupção, corrupção, corrupção -, armou quatro ou cinco editais de compras emergenciais e convocou empresas interessadas para uma conversa mais de perto. A modalidade desse tipo de licitação é carta-convite e pode se escolher o vencedor através de uma tomada de preços simples entre três empresas.
O que a Globo fez foi uma espécie de pegadinha que era tão comum no Domingão do Faustão e programas de apelo popular em outras emissoras. No caso da Globo, a pegadinha de ocasião foi transferida do Faustão para o Fantástico.
O que a Globo e ou repórter não deixam claro e o que se vê na dita matéria, anunciada com estardalhaço é o seguinte. Foram as empresas que ofereceram a propina? Pelo que se viu nas gravações, é justamente ao contrário, foi o repórter que pedia de 15% a 20% em cada contrato. Uma das representantes das empresas até falou algo como “meu negócio é pegar o serviço, o que você pede a mais é problema seu”.
Ora não se questiona que os representantes das empresas – sócios, gerentes, donos – agiram de forma errada ou criminosa (há controvérsias), mas foi o que repórter que propôs o pedido de propina. Num resumão básico da pauta udenista da Globo, se pode chegar à seguinte conclusão: uma parte considerável das empresas brasileiras se submetem até a pagar propina para prestar qualquer tipo de serviço aos órgãos públicos. Isso, meus preclaros, como diria o Paulo Martins, todos há muito tempo estão mais do que carecas de saber.
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