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Glesi e Bernardo se afundam no petrolão

Glesi e Bernardo se afundam no petrolão

Esta é uma semana decisiva e cheia de estresse para as principais lideranças do PT do Paraná. A principal delas, a senadora Gleisi Hoffmann, figura na lista dos políticos envolvidos no escândalo do desvio bilionário da Petrobras, que inclui pagamento de propinas e financiamento de campanhas eleitorais. A lista, segundo o procurador-geral da República, será entregue hoje (terça-feira, 3) ao STF (Supremo Tribunal Federal). Investigação sobre dois governadores, um do PT e outro do PMDB, já estão no STJ (Superior Tribunal de Justiça).

O nome de Gleisi e de seu marido, o ex-ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT), já foram divulgados pelos jornais paulistas “Estadão” e “Folha de S. Paulo”, além das revistas se circulação nacional. Gleisi e Bernardo foram citados pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, como destinatários de R$ 1 milhão para a campanha da petista ao Senado em 2010. Segundo os delatores, Bernardo pediu o dinheiro e Gleisi o recebeu em quatro parcelas em um shopping de Curitiba. Os jornais apontaram ainda como prova uma anotação na agenda de Youssef com os dizeres “PB 0,1”, em referência ao ex-ministro. Tanto Gleisi quanto Bernardo negaram conhecer o doleiro ou ter recebido recursos do esquema.

Testemunha – Em 2010, Gleisi teve ainda a maior parte de sua campanha irrigada em R$ 4,7 milhões, dinheiro doado por empreiteiras envolvidas no Petrolão ou com obras contratadas pelo governo federal. Na sua campanha de 2014, embora derrotada, Gleisi recebeu mais 7,7 milhões das empreiteiras denunciadas: Triunfo (R$ 2 milhões), Sanches e Tripoloni (R$ 1,9 milhão), Queiroz Galvão (R$ 475 mil), Andrade Gutierrez (R$ 950 mil), UTC (R$ 950 mil) e Galvão Engenharia (R$ 420 mil). Os recursos repassados pelas empreiteiras foram declarados na Justiça Eleitoral, o que não aconteceu com o R$ 1 milhão delatado por Youssef e Costa.

Bernardo tem outro problema pela frente. O juiz Sérgio Moro o intimou para depor na quinta-feira, 5, como testemunha de defesa em um dos processos da Lava Jato. O petista foi arrolado como testemunha de Ricardo Pessoa, presidente da construtora UTC. A empreiteira doou R$ 250 mil para a campanha de Gleisi em 2010 e mais R$ 950 mil (em duas parcelas de R$ 475 mil) na campanha da petista em 2014.

Desde que foi citada a sua intimação, Paulo Bernardo está em algum lugar incerto e não sabido. O oficial de Justiça João Augusto Sapia, designado pelo juiz Sergio Moro para intimá-lo não conseguiu encontrar o petista. O endereço citado pela defesa de Ricardo Pessoa, do da UTC, o zelador do prédio, em Brasília, disse que o petista não morava mais lá. Cabe agora à defesa apontar o endereço correto para que Paulo Bernardo possa ser ouvido como testemunha. O depoimento dele está agendado para as 11 horas na Justiça Federal em Curitiba.

Influência – A chapa também esquentou para outro ex-petista, mas com forte influência no partido. A investigação sobre a atuação do ex-deputado André Vargas na Lava Jato voltou ao juiz federal Sérgio Moro em Curitiba. Vargas tinha foro foro privilegiado no STF por ser deputado, mas foi cassado em dezembro por quebra de decoro parlamentar por causa do envolvimento com o doleiro Alberto Youssef.

O juiz deu prazo de 15 dias para o Ministério Público Federal se manifestar sobre a denúncia contra Varga. Moro quer saber do MPF se são necessárias mais investigações ou se existem elementos para apresentar a denúncia contra o ex-petista. Vargas foi denunciado por lavagem de dinheiro e ocultação de bens e valores oriundos de corrupção.

O ex-petista é acusado de favorecimento de Youssef em negócios com o governo federal. Vargas teria intermediado interesses do laboratório Labogen, usado pelo doleiro para lavagem de dinheiro, com o Ministério da Saúde. O elo entre os dois veio à tona com a divulgação de escutas que mostravam que o ex-petista viajou com a família para o Nordeste, de férias, em um avião fretado por Youssef. O advogado do ex-deputado não foi localizado para comentar o assunto.