Investigada na Operação Lava Jato e ré em inquérito por corrupção passiva qualificada no STF (Supremo Tribunal Federal), a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) ataca agora o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas sentenças, ordens judiciais e prisões da maioria dos petistas, marqueteiros e empreiteiros que foram encarcerados no Paraná.”Juiz Moro não faça isso, faça as coisas corretas”, apela Gleisi em vídeo gravado pelo PT e postado no facebook neste sábado, 5.
“Somos contra os excessos cometidos e também somos contra quando a investigação é dirigida. Por que só Lula? Por que essa coerção para que ele fosse depor? Por que não outros que também estão sendo denunciados? Isso, nós não podemos permitir”, sentencia Gleisi que articula no Paraná uma grande mobilização para que o petismo classifica de “golpe contra a democracia”.
Nesta sexta-feira, 4, questionada pela Folha de Londrina se as mobilizações não podem desencadear novos conflitos, Gleisi voltou a atacar o juiz Sérgio Moro. “Quem tem que temer conflitos é quem causou tudo isso, a pessoa que coordenou isso é que tem se preocupar muito com a instabilidade política que pode causar a este País”, disse em referência a Moro.
Os ataques de Gleisi vão além da defesa do ex-presidente Lula, a petista se movimenta em causa própria já que está sendo investigada por corrupção e caixa 2 em pelo menos cinco frentes pela Polícia Federal e Ministério Público Federal, acossada ainda pelas delações premiadas e as que estão por vir. É o caso do inquérito em responde por corrupção passiva qualificada no STF, no qual é acusada de receber R$ 1 milhão em propina, dinheiro desviado da Petrobras e não declarado na contabilidade de sua campanha em 2010. Apesar dos desmentidos, o repasse do dinheiro foi sustentado nas delações do doleiro Alberto Yousseff e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Delações aprovadas pelo STF.
O inquérito do STF é um dos casos de suspeição das movimentações financeiras nas campanhas de Gleisi. A petista é investigada em mais quatro frentes pela Polícia Federal em decorrência das revelações apuradas pela Lava-Jato e em uma delas por desvio de R$ 7,2 milhões do Ministério do Planejamento, através do escritório do advogado Guilherme Gonçalves. O ex-vereador Alexandre Romano, o “Chambinho”, que entregou o esquema, já está com a delação pronta e revelará detalhes do desvio do dinheiro.
Em outra frente, o Ministério Público Federal aponta que R$ 113 milhões podem ter sido desviados da Repar, dos quais R$ 5 milhões podem ter abastecidos as campanhas da senadora. Na prestação de contas da petista no TSE se constata que em quatro campanhas (2206, 2008, 2010 e 2014), Gleisi recebeu R$ 5 milhões através de doações suspeitas de sete empresas com serviços prestados na Refinaria Getúlio Vargas em Araucária e investigadas pela Operação Lava Jato.
O grosso dos repasses das empreiteiras se concentrou nas campanhas de 2008 (Gleisi disputou a prefeitura de Curitiba e perdeu) e de 2010 (ao Senado). Em 2008, Gleisi recebeu R$ 1,1 milhão da Camargo Correa (R$ 500 mil), OAS (R$ 250 mil), UTC (R$ 250 mil) e Mendes Junior (R$100 mil). Em 2010, Gleisi recebeu mais 2,8 milhões da Camargo Correa (R$ 1 milhão), OAS (R$ 780 mil), UTC (R$ 250 mil), Coesa (R$ 220 mil), Fujiwara (R$ 300 mil) e IBQ Indústrias Químicas (R$ 250 mil).
Nota-se que 2008 e 2010 foram os anos de pico nas obras de ampliação da Repar, suspeitas por superfaturamento e investigadas pelo TCU. As suspeitam apontam desvios de R$ 85,9 milhões desviados das obras e metade desse total, R$ 43 milhões, foram para engordar os cofres do PT. Na campanha de 2006 (a primeira tentativa ao Senado), Gleisi recebeu R$ 220 mil de duas empreiteiras: OAS (R$ 100 mil) e UTC (R$ 100 mil). A UTC repassou mais R$ 900 mil para a campanha de Gleisi em 2014 (derrotada ao governo do paraná).
Até o momento, quatro contratos referentes ao pacote de obras de ampliação e modernização da Repar, lançado em 2006, já se tornaram alvos da Lava Jato com base nas mais de 30 denúncias oferecidas pelo Ministério Público Federal à Justiça Federal. Para o MPF, houve pagamento de propina nos contratos da refinaria firmados com o Consórcio Skanska/Engevix, Consórcio Conpar (Norberto Odebrecht, OAS e UTC), Consórcio CCPR (Camargo Corrêa e Promon) e Consórcio Interpar (Mendes Júnior, Setal e MPE). No total, em relação aos quatro contratos, o MPF já apontou cerca de R$ 113 milhões de propina até agora.
Foto: reprodução/facebook
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