por Paulo Ramos
Curitiba vai ganhar mais um título neste ano. Além de capital paranaense, a cidade será também a capital internacional das histórias em quadrinhos. Entre os dias 25 e 28 de outubro, uma gama de autores, mostras e debates tomará conta dos variados pontos culturais do município. Tudo em nome da Gibicon.
O encontro já disse a que veio no ano passado, quando foi realizada uma edição zero do evento. Mesmo ainda iniciante, fez com que Curitiba e seus dez mil visitantes respirassem o tema durante os três dias de programação. A experiência, elogiada e bem-sucedida, ganhou comparação até com Angoulême, cidade francesa que abriga o principal festival de quadrinhos da Europa.
Para esta primeira edição, foi mantido o objetivo central de pôr Curitiba no circuito internacional de histórias em quadrinhos. Permaneceu também a proposta de reunir autores, leitores e interessados pelo tema e por cultura. Todos mediados pelas palestras, debates, mostras e sessões de autógrafos, que servirão para dar um fiel cenário do que se produz hoje dentro e fora do país.
A programação deste ano consegue estreitar o diálogo tanto com os temas que vêm de fora quanto com as raízes dos quadrinhos na cidade. Um bom exemplo disso está nas homenagens. Um dos nomes que serão lembrados pela Gibicon é o do italiano Sergio Bonelli (1932-2011), editor de Tex, Zagor e de tantos outros personagens importantes para a história da história em quadrinhos mundial.
Outra lembrança da Gibicon dialoga diretamente com Curitiba e com o pioneirismo dela no cenário nacional. Foi na cidade que surgiu, há 30 anos, a primeira Gibiteca do país – data que pautou a homenagem. O acervo de 32 mil títulos é mantido num espaço chamado Solar do Barão. Entre as obras, há raridades da primeira metade do século 20, como exemplares das revistas “O Tico-Tico”.
Falar apenas do acervo não resumiria por completo todo o papel da Gibiteca. O local é um fomentador de leitura – atividade cuja importância dispensa maior detalhamento – e formador de quadrinistas. Já passaram por lá mais de três gerações de autores. Os resultados disso são lidos em publicações locais, nacionais e estrangeiras.
Também vai integrar a programação, com mostra e debate, a experiência de uma editora de quadrinhos, que funcionou em Curitiba na virada da década de 1970 para a de 80. Embora tenha tido vida curta, a Grafipar teve um impacto grande, que a Gibicon ajudará a rememorar e a ilustrar. A empresa abrigou trabalhos de uma série de autores brasileiros, que puderam desenvolver na casa editorial histórias de diferentes gêneros, com destaque para o terror.
Esses três destaques não esgotam o conteúdo do encontro internacional de quadrinhos. Mas servem de aperitivo para esta edição um da Gibicon. Nos quatro dias de programação – um a mais que no ano passado –, diferentes pratos serão servidos aos visitantes, vindos de um cardápio eclético e bem-servido. Os garçons e maîtres estarão a postos no diversificado pólo cultural da acolhedora Curitiba.
Quem provar sairá seguramente satisfeito. Mas com aquela vontade de saborear mais e mais aquele prato tão saboroso.
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