“A cidade precisa de um prefeito com perfil, organização e métodos de um CEO” afirma ex-diretor-geral de Itaipu e ex-presidente da Petrobrás –
Da Redação do Almanaque Futuro –
Poucas autoridades atingiram um grau tão alto de empatia com uma população, como aconteceu em Foz do Iguaçu, durante o período em que o general Joaquim Silva e Luna esteve à frente de Itaipu. É possível ressaltar que o bom relacionamento se estendeu a todos os municípios na área de influência da Binacional. Ele foi diretor-geral da usina entre fevereiro de 2019 a abril de 2021, um período relativamente curto se comparado com a maioria dos antecessores. O fato é que em apenas dois anos, Silva e Luna além de comandar uma das maiores produtoras de energia do Planeta, transformou em realidade uma considerável lista de sonhos de Foz e Região. Foi notável uma certa comoção quando se despediu de Foz, para presidir a Petrobrás.
Silva e Luna foi o primeiro diretor-geral de Itaipu a se mudar e morar em Foz, onde mantém residência até os dias atuais. Durante sua gestão, após o expediente, finais de semana e feriados era normalmente encontrado nos locais públicos de caminhada, comércio e até em supermercados, uma figura que se tornou conhecida pela amabilidade e atenção.
Além de um ousado projeto de parceria com centenas de outros municípios e também Estados, realizou muitos programas de redução de custos, entre eles, uma gestão de otimização de recursos, muitos dos quais visíveis, como o fechamento da sede de Itaipu em Curitiba. Sua visão estratégica foi fundamental para a elaboração de um robusto cabedal de obras estruturantes há muito debatidas na cidade, como a Segunda Ponte com o Paraguai, a Perimetral Leste, duplicação da BR 469, modernização e acessos ao Aeroporto Internacional, e outras iniciativas regionais, como a Estrada do Boiadeiro. O “general”, assim carinhosamente conhecido pela comunidade, visionou Foz como importante entreposto modal da América Latina, praticamente no meio do caminho transoceânico entre o Atlântico e Pacífico; uma demanda que certamente teria avançado, caso permanecesse mais tempo na Binacional.
Como gestor e homem de muitas responsabilidades, sempre exerceu as atividades com austeridade e rigor técnico, e, soube tramitar com respeito entre os políticos, o que lhe valeu muito carisma no setor, embora preferisse a não exposição.
Com o início do borbulhar eleitoral municipal, seu nome foi mencionado em várias ocasiões por setores comunitários e até mesmo lideranças, porém ele se manteve em silêncio. Neste final de semana, Silva e Luna concedeu entrevista ao jornalista Rogério Bonato, com exclusividade para o Portal Almanaque Futuro, e, pela primeira vez, avaliou uma possível participação no cenário eleitoral com vistas a 2024, na disputa pela prefeitura de Foz do Iguaçu.
“Saí de Foz mas deixei o coração na cidade e pretendo sim retornar. Possuo residência e faço questão de dizer a todos, que foi em Foz do Iguaçu onde obtive a minha primeira cédula de identidade civil, a renovação da carteira de motorista e é para onde pretendo mudar o título eleitoral. Foz foi a cidade mais extraordinária onde vivi, fiz incontáveis amigos, das autoridades ao barbeiro; dos caixas dos supermercados aos médicos e engenheiros; dos atendentes nas padarias aos taxistas e garçons; olha dá um orgulho danado expressar como fui tão bem recebido e por isso, faço de tudo para honrar uma cidade onde praticamente me sinto um nativo, porque o Título de Cidadão Honorário eu já tenho e está em local de destaque em minha casa”.
Sobre a política, tudo ainda parece condicional, mas o general Joaquim, que é pernambucano de nascença, iniciou o assunto com uma frase tradicional mineira: “quando se diz que uma vaca é malhada pelo menos uma pinta ela tem”. Segundo ele, foi consultado por presidentes e lideranças de vários partidos de direita, centro-direita e também de “centro” e deve optar por filiação obedecendo o prazo do T.R.E, em tempo de disputar as eleições se for o caso. Mas seu pensamento se alonga quando o assunto é o viés partidário e a práxis política; para ele o exercício de um prefeito precisa ser moderno e no caso de Foz, ressalta-se a necessidade de pensar em projetos de governança cooperativa, sobretudo olhando para os setores produtivos, a internacionalidade e as outras muitas vocações, no desempenho de uma cidade/empresa. “Para administrar uma cidade assim, o perfil de um prefeito se iguala ao de um CEO de uma multinacional”, diz Silva e Luna.
“Sei que a cidade se prepara para as eleições e há essa procura por nomes; estou seriamente pensando em disponibilizar o meu, mas antes quero conversar bastante com a comunidade, os empresários, com organizações como a ACIFI, CODEFOZ, as várias associações e órgãos que sei, são muito importantes para a sustentação das ideias. Depois disso vou pensar em um grupo de governabilidade, sempre com o foco de que a geração de empregos e renda devem aparecer na ponta da lista das prioridades de uma gestão. Uma sociedade não se constrói quando há diferenças sociais e falta de oportunidades, desprezando o potencial da mão de obra. Aprendi e vi que Foz possui muita gente competente e sem um posto de trabalho, e isso precisa de uma vez por todas mudar”. “É assim que pensamos quando dirigimos uma grande empresa; na valorização profissional por que ela faz a diferença e isso é brutal em termos de população”, ressaltou.
O general disse que estará em Foz provavelmente no início de maio, onde manterá contato com os amigos, ouvindo-os; fará também uma avaliação mais aprofundada da situação e só depois decidirá sobre a questão política. “Há muitos desafios pela frente e poderei contribuir muito com Foz, mas jamais sozinho”, finalizou.
Um olhar para o pré-eleitoral em Foz
O tempo anda muito nublado e assim acoberta o cenário político de Foz do Iguaçu. Um pouco disso resulta dos defeitos da polarização pela corrida presidencial. Os municípios brasileiros vivenciam essa realidade no período pré-eleitoral.
Na cidade, o maior reflexo da vitória petista abarca Itaipu cuja influência não pode ser desprezada. Enio Verri, recém empossado DGB, declarou que trabalhará para ampliar a base política petista ou de aliados na área de influência da usina.
Por outro lado, há os interesses do governo do Paraná e isso, por enquanto, pode ser comparado a um campo minado, uma vez que o partido do governador Ratinho demonstra muitas querências, com políticos fazendo força para se manterem na direita, outros torcendo pelo centro e há quem ande articulando com a esquerda. O caso é que o Paraná apoiou em maioria o ex-presidente Bolsonaro e as pesquisas ainda não revelaram o grau de diluição no resultado.
O prefeito Chico Brasileiro pertence ao PSD, e, se aproximando do PT, acaba se afastando do governo estadual. Ratinho Junior, no máximo, aceitará tramitar com o “centro”, bem como a maioria dos deputados paranaenses.
Chico esconde as cartas na manga quando o assunto é sucessão, e ao que parece, o ex-presidente da Câmara, vereador Nei Patrício é quem deve ser o escolhido para a disputa.
Há outras duas situações aparentes: a revoada de velhas águias e os novos tentando mostrar serviço, em uma queda de braço que deve fazer parte do embate. Paulo Mac Donald, Sâmis da Silva e outros nomes do passado estão sendo trabalhados nas redes sociais e influenciando o resultado das primeiras enquetes. De outro lado, surgem discursos sobre a necessidade de renovação e vereadores como João Morales (atual presidente do Legislativo) e Adnan El Sayed ensaiam tiradas eleitorais visando a cadeira de prefeito.
A bancada ampliada de Foz na Câmara Federal, com Giacobo, Vermelho e agora, Luciano Alves está de olho no tabuleiro. Na ALEP, Matheus Vermelho começa a dar sinais de que não pretende pertencer ao baixo clero. Os deputados são fundamentais no apoio aos candidatos e seus partidos. A ideologia de centro-direira ainda predomina entre esses representantes.
Na última sexta-feira 14/04, os líderes dos movimentos de direita organizaram evento denominado “Endireita”. A intenção, em verdade, é buscar um nome de consenso para representar o grupo na empreitada eleitoral.
O fato novo nesse ambiente e que causará um rebuliço é a revelação do general Joaquim Silva e Luna, em antecipar a participação no processo. De largada ele assume um protagonismo e isso fará muita gente rever os planos.
(RRB)
Fonte: Almanaque Futuro / Foto: Poder 360
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