GABINETE DO VEREADOR GALDINO FOI USADO COMO COMITÊ ELEITORAL DURANTE A CAMPANHA
Denúncia foi feita ao TRE e ao Ministério Público por funcionários e ex-funcionários do parlamentar
Cinco funcionários e ex-funcionários do vereador Professor Galdino (PSDB) protocolaram, ontem (18), no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná e no Ministério Público do Paraná, a denúncia do uso do gabinete do parlamentar como comitê eleitoral durante as eleições deste ano. Galdino foi candidato a deputado estadual, mas não se elegeu.
No documento, em que elencam diversos fatos ocorridos nos 90 dias de campanha, os funcionários responsabiizam o parlamentar pelo descaso com que tratou os alertas de assessores a respeito da ilegalidade em que incorria ao usar o gabine como comitê eleitoral, autorizando o envio de releases à imprensa, utilizando os telefones do gabinete para pedir votos e discutindo estratégias de campanha, inclusive com o Coordenador da Juventude do PSDB, Marcello Richa, filho do governador eleito do Paraná, Beto Richa.
Os funcionários e ex-funcionários que assinam o documento acusam também o vereador tucano de prevaricação, ou seja, uso de dinheiro público com finalidade que não condiz com o exercício da função.
Nos dois meses que antecederam o início oficial da campanha, Galdino nomeou Claudimir Maciel Lopes da Silva e Gerson de Souza Nobrega, ambos no cargo de assessor parlamentar, nomenclatura CC-7 (R$ 2.538,76).
A intenção deliberada do vereador, segundo os denunciantes, era exonerá-los durante os três meses de campanha, com a função de pedalar os triciclos do então candidato, período em que não receberiam nenhum salário, para depois recontratá-los a partir de 1º de outubro, fato constatado no Portal da Transparência da Câmara Municipal de Curitiba (www.cmc.pr.gov.br).
"O que Galdino fez foi pagar um salário estratosférico a pessoas que não tinham função no gabinete para, assim, garantir que eles servissem de cabos eleitorais durante a campanha sem que ele precisasse desembolsar nenhum tostão por isso", afirmou o ainda assessor político do vereador, Paulo Tadeu Murta.
Pressionado a alugar um local para o funcionamento do comitê eleitoral, Galdino convocou uma reunião, em meados de agosto – quando já haviam transcorrido 45 dias de campanha – em que sugeriu a cotização do gabinete para o pagamento da despesa. Como a maioria se recusou, ele sugeriu então que a Assessora Técnica Parlamentar, Eliane Schuster, que recebe o salário CC-5 em dobro (R$ 8.462,54), oficialmente para dar suporte ao vereador nas cinco comissões permanentes da Casa (o que efetivamente não faz) para que, por iniciativa própria, custeasse o aluguel. Ela negou.
Antes, o próprio vereador já havia rejeitado proposta dos funcionários para que cedesse o escritório que mantém num edifício da Avenida Marechal Deodoro, cujo codinome é "base", alegando não querer aumentar os custos na prestação de contas enviada ao TRE-PR.
Na campanha a vereador, em 2008, Galdino foi eleito vereador com 11.736 votos, declarando gasto ínfimo: R$ 540,00.
Diante da temeridade do que estava ocorrendo, os funcionários decidiram por iniciativa própria arquivar os releases e fotos de campanha em PEN-DRIVE e solicitar à UNIQUE-DB, empresa responsável pelo gerenciamento do Portal de Campanha do Professor Galdino, o back-up (cópia) das postagens de notícias, vídeos, fotos, além do conteúdo das mensagens em rede sociais e hotsites para a comprovação de que o trabalho era efetivamente feito durante o expediente do gabinete, ou seja, entre 8 e 18 horas.
Da mesma forma, foi providenciada a mudança da senha da conta de e-mail para preservar as cerca de 200 correspondências eletrônicas de campanha enviadas aos órgãos de imprensa a partir de um mailing contendo 700 endereços listados.
A legislação em vigor proíbe expressamente o uso da estrutura de gabinete para realização de campanha eleitoral.
"E isso foi o que o vereador Galdino mais fez. Mesmo em licença da Câmara por dois meses, ele passava as tardes no gabinete, utilizando o telefone para fazer contatos", relata Vinicius Janoski, encarregado no gabinete de aproximar o vereador da Juventude do PSDB.
Janoski e o assessor de imprensa, Marcus Vinicius Gomes, presenciaram, na reta final do primeiro turno, cena constrangedora em que o Professor Galdino, preocupado com a eventual derrota de Beto Richa nas eleições, procurou o Coordenador de Comunicação do PSDB, Deonilson Roldo, oferecendo-se para desistir de sua candidatura e assumir a Coordenação de Marketing da campanha. Logo em seguida, ele ligaria para o Coordenador da Juventude do PSDB, Marcello Richa, e com este a conversa prolongou-se por cerca de 40 minutos.
Por diversas vezes, para espanto dos assessores, Galdino fez tocar um jingle gravado em seu celular que seria, segundo ele, a salvação para eleger Beto Richa. O "espetáculo" incluiu a "dancinha do Pocotó", que minutos depois ele repetiria no gabinete do presidente da Câmara, João Cláudio Derosso (PSDB), desta vez tendo como testemunha apenas Janoski.
Os documentos protocolados ontem (18), incluindo dois pen-drives, e a senha de e-mail da assessoria de imprensa, foram despachados à presidência do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná e à Promotoria de Justiça de Proteção ao Patrimônio Público de Curitiba, ligada ao MP.
Segundo avaliação de técnicos de Contas Eleitorais, o primeiro passo na investigação deverá ficar a cargo da Polícia Federal, encarregada da perícia dos três computadores do gabinete de Galdino. A partir deste relatório, outras medidas serão tomadas.
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