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Fruet está “choramingando”, diz Richa sobre o subsídio

Euclides Lucas Garcia
Gazeta do Povo

Um dia depois de anunciar o fim do subsídio de R$ 64 milhões anuais ao transporte coletivo de Curitiba, o governador Beto Richa (PSDB) alfinetou o prefeito Gustavo Fruet (PDT) dizendo que não fica “choramingando pelos cantos” diante dos cortes nos repasses da União ao Paraná. Segundo o tucano, o transporte urbano é uma responsabilidade dos prefeitos, que não pode ser terceirizada para o estado. Por meio da assessoria de imprensa, Fruet disse que não iria comentar as declarações de Richa. O clima esquentou também na Assembleia Legislativa, onde as bancadas de governo e oposição trocaram farpas a respeito do assunto.

Ontem, durante cerimônia de entrega de viaturas às polícias Civil e Militar e de formatura de novos bombeiros, em frente do Palácio Iguaçu, Richa defendeu-se das críticas de que teria cortado o benefício porque seu candidato a prefeito em 2012, Luciano Ducci (PSB), foi derrotado na eleição do ano passado. “Nós auxiliamos [Curitiba] por um determinado momento, mas não quer dizer que vamos assumir essa responsabilidade de forma permanente”, argumentou. “Ora, se nem a prefeitura de Curitiba dá subsídio [ao sistema], querem cobrar do estado que dê esse subsídio?”

Logo na sequência, o tucano partiu para o ataque direto a Fruet, a quem acusou de tentar terceirizar os problemas da capital. Richa fez questão de ressaltar que, na campanha eleitoral do ano passado, o pedetista e os demais candidatos “bateram no peito e disseram que iriam resolver o problema do transporte coletivo”. “Não me lembro em nenhum momento, durante a campanha, de o prefeito dizer que iria recorrer ao governador para ajudar a resolver esse problema”, ironizou.

Por fim, Richa disse estar cumprindo sua obrigação como governador, mesmo com um corte de mais de R$ 1 bilhão nos repasses da União ao Paraná em 2013. “De mais a mais, estou perdendo cerca de R$ 1 bilhão de receitas em função dos últimos anúncios do governo federal. Nem por isso estou aí choramingando pelos cantos.”

Confronto legislativo

Líder da oposição na Assembleia, o deputado Tadeu Veneri (PT) disse que Richa está indo muito ao interior do estado, para “sair nas fotografias”, mas se esqueceu da região metropolitana de Curitiba (RMC), cuja rede de transporte é integrada com a capital. “Será que é por que ele perdeu a eleição [para governador] na RMC, ou por que o Requião fez lá 90% dos votos para senador?” questionou. “Se isso não faz diferença para ele, que não anda de ônibus, faz para os mais pobres. Essa decisão não é um tiro no pé, é um tiro no peito.”

Em resposta, o líder do governo na Casa, Ademar Traiano (PSDB), destacou que, desde 2005, está sem resposta do governo federal a Carta de Curitiba, em que prefeitos de todo o país solicitavam à União a desoneração de impostos para conseguirem reduzir o custo da tarifa de ônibus. “O Beto, quando foi prefeito, geriu o sistema sem nenhum subsídio e ainda conseguiu implantar a domingueira a R$ 1”, argumentou. “A gestão pública é para quem tem capacidade e competência. O Gustavo prometeu o mundo durante a campanha. Já passou do momento de ele começar a governar.”