Fábio Campana
O Movimento Luta Popular de Curitiba e várias entidades que apoiaram a candidatura de Gustavo Fruet estão desoladas com a decisão do prefeito de despejar famílias no tatuquara, um dos bairros mais pobres de Curitiba. É a primeira dissensão mais grave entre o novo prefeito, eleito pelo PT, PDT, PV e movimentos da esquerda, que esperavam de Fruet uma atitude mais branda e acolhedora com os movimentos sociais. A nota do Movimento luta Popular está na íntegra no .
GOVERNO FRUET (PDT/PT) começa seu mandato despejando famílias sem-teto
Gustavo Fruet começou o ano mostrando para quem irá governar. No último dia 17 de janeiro, cerca de quarenta famílias ocuparam parte de 200 casas no Conjunto Tatuquara que estavam ociosas e sendo depredadas há mais de 1 ano.
Sem qualquer mandado judicial a guarda municipal de Curitiba por ordem da COHAB promoveu o despejo e colocou as famílias na rua.
Estas famílias já haviam sido retiradas de outras áreas consideradas de risco pela própria Prefeitura e até o momento não receberam outra casa para morar.
Cansadas da omissão da COHAB ocuparam estas residências no Tatuquara para tentar abrir uma negociação com a Prefeitura e o que obtiveram do atual prefeito foi a guarda municipal e promessas vazias de que seriam inscritas em programas do Município e receberiam um aluguel social.
Neste momento os ocupantes estão montando barracos de lona do lado de fora das casas, que continuam desocupadas, esperando que algum representante da administração os receba e resolva o problema. São mais de 80 crianças, idosos e mulheres que estão em precárias condições de higiene, saúde e alimentação e aguardam uma posição concreta.
O movimento Luta Popular presta sua solidariedade a estas famílias e exige do governo municipal (que tem em sua composição o PT) o mínimo de respeito e seriedade para resolver o problema.
Não basta ir para a imprensa e falar que as famílias precisam se inscrever na fila da COHAB (que já possui mais de 83 mil inscritos) e pedir para que os trabalhadores esperam até 10 anos sem qualquer perspectiva de que um dia sua casa própria saia.
A Prefeitura tem recursos e terrenos disponíveis para resolver a questão da moradia popular, mas prefere encher o bolso de grandes empreiteiras e construtoras que na maioria das vezes abandonam os projetos de habitação popular porque os lucros são menores.
Quem puder prestar sua solidariedade às famílias pode levar leite, alimentos e roupas para Rua João Goulart onde está o acampamento.
Por isso exigimos:
a) Que o prefeito Gustavo Fruet (PDT/PT) receba as famílias;
b) Que as famílias recebam imediatamente o aluguel social;
c) A destinação em caráter emergencial de terrenos ou casas dignas para as famílias despejadas.
Quando não existe política de habitação popular a ocupação é um ato legítimo dos trabalhadores.
CONTRA OS DESPEJOS FORÇADOS!
MORADIA POPULAR JÁ! LUTA POPULAR EM DEFESA DAS FAMÍLIAS DO TATUQUARA!
Quando uma cidade cresce tudo aumenta proporcionalmente inclusive a pobreza, cabe às autoridades gerar as politicas que contrabalancem os distintos setores da sociedade ate mesmo para evitar a pressão social que se traduze no aumento dos índices de violência urbana.
Os prefeitos por norma geral abandonam estas premissas e se abocam ao atendimento das classes sociais que normalmente financiam suas campanhas, se traduzindo em, por exemplo, aplicação de dinheiro público em iniciativas privadas.
Atender 80 famílias com moradia popular equivale a um investimento de 5 milhões isto é, 0,001% do orçamento do município.
5 milhões deve ser um percentual ínfimo do que o Freut gastou na campanha que o elegeu, acredito ainda numa reconsideração em prol da diminuição das diferenças sociais que a final de contas são a causa ultima de todas as atribulações que ao sociedade brasileira padece. Quem sabe na ponta do lápis a prefeitura vá gastar em toda esta operação de segurança e deslocamento de forças especiais algo em torno dos 5 milhões, dinheiro suficiente para atender as 80 famílias com casa populares de 30 m2.