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Fruet deixou eleitores confusos, diz Brasil Econômico

Dirigente do PT diz que ex-tucano que se aliou com petistas errou ao manter distância do ex-presidente. Foto da AE.

De Pedro Venceslau e Rafael Abrantes, Brasil Econômico:

Quando trocou o PSDB pelo governista PDT para disputar a eleição em Curitiba com o apoio do PT, o ex-deputado Gustavo Fruet deixou os eleitores confusos. A estranheza tornou-se ainda maior no momento em que o julgamento do mensalão ganhou espaços generosos no horário nobre, mas o parlamentar, que foi sub-relator da CPI dos Correios e esteve na linha de frente da oposição quando o caso veio à tona, ignorou o assunto.

Nos bastidores da campanha de Fruet prevalece o clima de resignação. A última pesquisa Datafolha aponta que ele está em terceiro lugar, com 17% . Se o cenário se confirmar, ele deve ficar fora da briga pelo segundo turno entre Ratinho Jr (PSC) e Luciano Ducci (PSB). “A aliança dele com o PT não foi compreendida pelo eleitor. A campanha não soube fazer esse debate”, reconhece o deputado federal André Vargas (PT), membro da executiva nacional petista e dirigente da sigla no Estado.

Petistas paranaenses ouvidos pelo BRASIL ECONÔMICO dizem que o primeiro erro de Fruet foi ter faltado a um encontro de Lula com todos os candidatos aliados em São Paulo para a gravação de depoimentos e produção de retratos. “Ele teria quebrado o gelo. Aquele evento foi um marco da campanha. O Fruet não ligou nenhuma vez para o Rui Falcão (presidente do PT) durante a campanha”, reclama um cacique petista.


Além da frieza no trato com o aliado, a mudança radical de discurso assustou o eleitor. “Foi a maior dificuldade da campanha”, afirma Gerson Guelmann, coordenador da campanha de Fruet. “As pessoas não entendiam isso (a mudança de discurso)”, observa. O resultado foi uma “hemorragia” de votos com o início da campanha eleitoral. “Houve uma perda do capital de votos que o Gustavo já tinha. Mas depois conseguimos estancá-la”, diz Guelmann.

As dúvidas do eleitor sobre o lado de Fruet também ecoaram dentro do PT. Nem a presença “ostensiva” da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, na campanha apagou as desconfianças.

“É um caso superado. Mas alguns setores do PT acreditavam que Fruet era contra o partido, tinham algum ressentimento”, diz Guelmann. “Talvez parte do eleitorado mais diposto a votar nele não achou razoável esta mudança (de legenda). Ele não deixou claro suas razões. Poderia ganhar de um lado, mas perderia de outro”, observa o professor de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná, Fabricio Tomio.