Para os curitibanos é o começo do fim das canaletas exclusivas. A partir do próximo dia 29, Curitiba inaugura as vias exclusivas para ônibus. O prefeito Gustavo Fruet (PDT) informou que será implantado o “modelo Haddad” na capital paranaense, responsável por aumentar em 20% os congestionamento em São Paulo, além de não diminuir a tarifa nem a quantidade ônibus e o número de partidas. Na capital paulista, o sistema está causando um prejuízo bilionário a cidade.
Segundo informações o engenheiro e mestre em transportes, Sergio Ejzenberg, para aumentar a eficiência e a capacidade do sistema de ônibus seria preciso muito mais do que simplesmente pintar faixas nas ruas. “Seria preciso reestruturá-lo, construindo mais terminais e mais corredores, eliminando a superposição de linhas, trazendo racionalidade para o sistema”.
Em Curitiba, a primeira via exclusiva será a Rua XV de Novembro, no trecho da Av. Nossa Senhora da Luz à Rua João Negrão, uma extensão de 2.400 metros, por onde trafegam 11 linhas de ônibus. As ruas apenas ganharam pinturas nas faixas e os “olhos de gato”, e muitas câmeras de monitoramento, para multar quem desrespeitar as faixas. A partir do dia 23 de junho, a prefeitura passará multar os que desrespeitarem a sinalização.
Em São Paulo, a capacidade do sistema de ônibus não aumentou, pois o sistema não foi reformulado, e não foi aumentado o número de partidas. Os ônibus chegam mais rapidamente nos terminais, e ficam mais tempo parados aguardando a hora da partida seguinte. O sistema prevê ainda o secionamento de linhas, o que obriga os passageiros a trocar de ônibus, com desconforto e perda de tempo.
Os custos elevados do sistema também assustam, em São Paulo, para 2014 tem previsão de R$ 1,6 bilhão de subsídio, podendo facilmente estourar para perto de R$ 2 bilhões. É caro e ineficiente transportar grandes massas de pessoas por ônibus.
E pesadelo se estendeu a todo o trânsito da cidade. Por efeito direto da implantação das faixas exclusivas o congestionamento médio diário na cidade no pico da tarde saltou de 372 quilômetros em 2012 para 444 quilômetros no início de 2014, uma piora de quase 20%.
Curitiba, guardada as devidas proporções, tem um perfil semelhante do paulistano, lá 25,2% das pessoas com renda familiar de até R$ 1244 deslocam-se de carro, somando os 75,9% das pessoas com renda familiar superior a R$ 9330.O resultado econômico desse balanço está se desdobrando em um prejuízo bilionário para a cidade em termos de quantidade e valor das horas perdidas nos congestionamentos.
Aumentou a velocidade dos ônibus, diminuiu a dos automóveis, e o pessoal dos carros continua não cabendo nos ônibus. São Paulo perdeu muito mais do que ganhou. A cidade se torna cada vez mais um ambiente hostil para negócios e para o turismo. Esse é o efeito das políticas “herdadas de outros estados”, para uma cidade que já foi modelo para o mundo no transporte público.
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