A Unesco concedeu ao escritor Frei Betto o Prêmio Internacional José Martí por sua contribuição à justiça social, aos direitos humanos e à construção de uma cultura de paz universal e por sua oposição a todas as formas de discriminação, injustiça e exclusão.
“Me dá muita alegria, mas reconheço que este não é um prêmio à minha pessoa, e sim a todos os movimentos sociais e comunidades com que eu venho trabalhando ao longo de décadas pela paz, justiça e direitos humanos. Eu sou apenas um grão de areia numa enorme praia que converge na direção dessas três bandeiras que constituem a maior ansiedade da humanidade”, disse Betto.
Criado em 1994, por iniciativa do governo de Cuba, o prêmio tem o objetivo de recompensar as organizações ou pessoas que desenvolvam ações que reflitam os ideais do herói da Independência Cubana, José Martí, um defensor da união dos países da América Latina e do Caribe. A distinção também é concedida a quem tenha contribuído para a preservação da identidade, tradição cultural e valores históricos das nações latino-americanas e caribenhas.
A sexta edição do prêmio de US$ 5 mil, financiado por Cuba, coincide com as comemorações do 160º aniversário de nascimento de José Martí. A cerimônia de premiação está marcada para o dia 28 deste mês, em Havana. “Faço questão de ir a Cuba para receber este prêmio pessoalmente”, comentou Frei Betto.
A cada edição, os nomeados são indicados pelos governos dos Estados membros da Unesco e pelas organizações não overnamentais (ONGs) que colaboram com a organização. O último ganhador,antes de Betto, foi o escritor argentino Atilio Borón.
Nascido em Belo Horizonte, em 1944, Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, é autor de mais de 50 livros traduzidos para vários idiomas. O mais conhecido deles, Batismo de Sangue, venceu o Prêmio Jabuti de 1982, na categoria biografia/memórias. Militante da chamada Teologia da Libertação, movimento de caráter religioso-político surgido na América Latina na década de 1950, Betto participou de vários movimentos pastorais e sociais.
Por sua atuação política, foi preso duas vezes durante o regime militar (1964-1985), chegando a passar quatro anos detido. Entre 2003 e 2004 foi assessor especial do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Também foi coordenador de mobilização social do programa Fome Zero.
Deixe um comentário