Arrecadação com médicos e hotéis, procurados por brasiguaios que cruzam a fronteira, deve superar royalties de Itaipu. De janeiro a abril, foram criados 1.442 empregos na cidade, mais do que o recorde de 1.240 do ano passado inteiro.
Parte do dinheiro que sai do Brasil com os sacoleiros que vão a Ciudad del Este retorna ao país, trazida por estrangeiros e brasileiros residentes no Paraguai que preferem cruzar a fronteira na hora de ir ao dentista, consultar médicos, fazer exames laboratoriais, estudar e até depositar dinheiro no banco.
A aposta nos serviços, que atendem a região de fronteira, fez de Foz do Iguaçu uma das cidades que mais geram emprego no país, reduzindo sua dependência do decadente turismo de sacoleiros, abalado pela concorrência das viagens de compras aos EUA.
Neste ano, de janeiro a abril, foram criadas 1.442 vagas formais -mais do que as 1.240 de todo o ano passado, o recorde histórico. Em 2011, 52% dos novos postos surgiram no ramo de serviços, seguido por comércio (24,7%) e construção (11,4%). A cidade é a 23ª em geração de emprego entre os municípios de mais de 250 mil habitantes.
O prefeito Paulo Mac Donald (PDT) afirma que a arrecadação com serviços chega a R$ 37 milhões e deve passar nos próximos anos os ganhos com royalties da usina de Itaipu, hoje em R$ 42 milhões. Depois do Rio de Janeiro, Foz tem o maior número de leitos de hotel no país.
Na Ponte da Amizade, ônibus de sacoleiros dividem espaço com picapes 4×4 com chapa do Paraguai, que cruzam a fronteira para cumprir agenda de negócios e compromissos pessoais no país.
Brasiguaios
Os serviços crescem com a pujança agropecuária nos dois lados da fronteira. Do lado paraguaio, há cerca de 500 mil brasiguaios, como são conhecidos os brasileiros que imigraram ao país vizinho em busca de terras com preço até um décimo do que custavam no Paraná dos anos 1980.
É o caso da família de Bernando Nikititz, brasileiro de origem polonesa que se mudou para Iguazu (50 km da fronteira) em 1986. Nikititz prefere cuidar da saúde e guardar o dinheiro no Brasil.
Segundo a Prefeitura de Foz, pelo menos 20% dos pacientes do sistema público de saúde são brasiguaios.
Longe de ser um ônus à cidade, os brasiguaios movimentam hotéis e restaurantes, além de dentistas, laboratórios e médicos, entre eles cirurgiões plásticos.
Pacote para Gestantes
Especializado em cirurgia plástica e ginecologia, o Hospital Cataratas tem pacotes especiais para gestantes voltados a brasiguaias que preferem ter filho no Brasil.
O cirurgião plástico Ismail Safaddini, que atua em São Paulo, abriu uma clínica na cidade há dois anos.
“Nasci na cidade e vi uma oportunidade de voltar e crescer junto”, disse.
Gerações inteiras de iguaçuenses têm voltado à cidade. Fundador da empresa Epeople, de software médico e telemedicina, Euclides de Moraes Barros Junior, que nasceu em Foz, abriu uma unidade da empresa no Parque Tecnológico Itaipu.
O parque foi construído nos antigos alojamentos de operários de Itaipu. Hoje, há 33 empresas instaladas lá, a maioria de tecnologia.
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