Desde sua instalação, a binacional mantém parcerias consistentes com a cidade que completa 102 anos nesta sexta-feira (10)
Foz do Iguaçu não seria o que é sem a usina de Itaipu. E a usina, certamente, se beneficiou desde o início por estar sediada numa cidade já acostumada a receber gente de todas as partes do Brasil e do mundo, o que foi importante para que os homens que construíram Itaipu pudessem se sentir, desde o começo, um pouco mais “em casa”.
A cidade vivia ainda a forte influência do ciclo econômico da Ponte da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai, quando, em 1966, os governos dos dois países assinaram a Ata do Iguaçu, documento que originaria oito anos mais tarde a usina de Itaipu. A construção da hidrelétrica provocou um fenômeno sem precedentes no município.
As críticas iniciais à obra, pouco a pouco, com a consolidação do projeto Itaipu, deram espaço a uma relação de integração e desenvolvimento sustentável cada vez mais fortalecida, especialmente nas últimas décadas.
Hoje, 42 anos depois de sua instalação, Itaipu e Foz do Iguaçu, que completa 102 anos neste 10 de junho, mantêm parcerias em várias frentes. Algumas surgiram ainda em décadas passadas, como, por exemplo, a abertura do Hospital Ministro Costa Cavalcanti (HMCC) para a comunidade. Construído para atender os empregados da usina, o HMCC abriu as portas para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ainda em meados dos anos 1990.
Entre outras contribuições, logo depois da formação do reservatório, em 1984, Itaipu construiu o Refúgio Biológico Bela Vista – uma das unidades de conservação e reprodução de animais ameaçados de extinção mais respeitadas do País –, criou o Ecomuseu, com seu acervo histórico da região, e, entre 1976 e 1977, abriu a usina para visitação.
Novo status
A partir de 2003, a abertura da empresa seria ainda maior com a ampliação da missão de Itaipu. A ideia era tornar a binacional um sustentáculo do desenvolvimento regional. De lá para cá, a empresa vem promovendo ações concretas para garantir à região um novo status.
Os investimentos têm sido feitos em diferentes áreas, especialmente no turismo, desenvolvimento territorial local e cuidados com a água no entorno do reservatório. Em relação a investimentos em ciência, tecnologia e inovação, foi criado o Parque Tecnológico Itaipu (PTI), que tem empresas incubadas e abriga vários cursos da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), além do apoio à criação da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), entre outros.
Só de royalties de geração de energia, Foz do Iguaçu já foi beneficiada com US$ 334 milhões. A lei dos royalties foi criada em março de 1985. O repasse é proporcional à extensão das áreas submersas pelo lago e a quantidade de energia gerada.
Legado
Se na época da construção da Itaipu havia preocupação em relação ao legado que o fim das obras deixaria, a atuação da empresa fora de suas barreiras mudou, e bastante, a relação com a região. Para o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, que é iguaçuense, é uma grande e feliz coincidência que, em 2016, nos 102 anos da cidade, Itaipu esteja batendo todos os recordes de produção de energia: melhores janeiro, fevereiro, bimestre, trimestre, maio, quadrimestre e período de cinco meses. A ideia é fechar dezembro com 100 milhões de MWh.
Isso porque as sucessivas marcas históricas de produção têm influência direta no repasse de recursos dos royalties, não só para Foz, mas para os municípios da região, que recebem esse pagamento como indenização pelas áreas alagadas pelo reservatório que fornece a água para gerar energia. “É, sem dúvida, um presentão para Itaipu e Foz”, diz Samek.
A usina de Itaipu é a maior hidrelétrica em produção acumulada do planeta. Desde sua entrada em operação, em maio de 1984, a usina produziu 2,35 bilhões de megawatts-hora, energia suficiente para abastecer o mundo inteiro por 40 dias.
Neste semestre, Itaipu tem a expectativa de superar os 51 milhões de MWh, o que será outra marca inédita. Em duas vezes, 2012 e 2013, a Itaipu atingiu os 50 milhões de MWh nos primeiros seis meses do ano. Foram os dois anos de maior produção da usina. Em 2013, Itaipu estabeleceu o recorde mundial da hidrelétrica, com 98,6 milhões de MWh. Além da geração expressiva, destacam-se também os ótimos indicadores de eficiência e o atendimento imediato a substituições de outras fontes nos sistemas do Brasil e Paraguai. A meta é atingir os 100 milhões de MWh este ano.
Pagamento de royalties
No último mês de maio, quando completou 42 anos de constituição como empresa e 32 anos de geração de energia, a Itaipu Binacional registrou a marca de US$ 10 bilhões em royalties pagos ao Brasil e ao Paraguai.
No Brasil, a Itaipu paga ao Tesouro Nacional, que repassa a verba para os beneficiários. Os 16 municípios que tiveram áreas alagadas para a formação do reservatório (15 no Paraná e um no Mato Grosso do Sul) recebem cerca de um terço. Outro terço cabe ao Governo do Paraná. Os ministérios de Ciência e Tecnologia, Minas e Energia e do Meio Ambiente recebem aproximadamente 10%. O restante cabe ao estado do Mato Grosso do Sul e a dezenas de municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Paraná, cujas águas contribuem para a geração de energia na Itaipu. No Paraguai, o montante vai para o governo federal, que o reparte entre municípios de todo o país.
A Itaipu
Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, a Itaipu Binacional é líder mundial na geração de energia limpa e renovável, tendo produzido, desde 1984, mais de 2,35 bilhões de MWh. A hidrelétrica é responsável pelo abastecimento de cerca de 15% de toda a energia consumida pelo Brasil e de 75 % do Paraguai. Desde 2003, Itaipu tem como missão empresarial “gerar energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil e no Paraguai”. A empresa tem ainda como visão de futuro chegar a 2020 como “a geradora de energia limpa e renovável com o melhor desempenho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração regional”.
Deixe um comentário