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A força da rejeição

A força da rejeição

Pesquisa Datafolha indica maciço reagrupamento em torno de nome capaz de derrotar Dilma Rousseff em um eventual segundo turno

Dilma Rousseff (PT) ainda está muito perto de vencer no primeiro turno a eleição para presidente da República, mas jamais correu tanto risco de perder em uma eventual segunda rodada de votação.

A presidente conta com 36% das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 15 e 16 de julho. Seus adversários somam também 36% das preferências. Em fevereiro, a vantagem de Dilma era folgada: 44% a 30%.

Mais notável do que isso foi a redução da diferença em um segundo turno. A petista, com 44%, e Aécio Neves (PSDB), com 40%, chegam praticamente a um inédito empate –a margem de erro é de dois pontos percentuais. Eduardo Campos (PSB) ainda perderia, mas por um placar apertado: 45% a 38%.

Desde o fim de 2013, os oposicionistas reduziram a distância entre suas votações e a da presidente em pelo menos 30 pontos percentuais.

Chama a atenção a discrepância entre os votos de Aécio e Campos no primeiro turno e aqueles que conseguem reunir na simulação de disputa direta com Dilma. O senador mineiro passa de 20% para 40%; o ex-governador de Pernambuco salta de 8% para 38%.

Os números indicam um reagrupamento maciço em torno de um nome capaz de derrotar a presidente. Essa adesão ocorre mesmo no caso de um candidato noviço, como Eduardo Campos, conhecido por 59% dos entrevistados, e “muito bem” conhecido por 7%, ante, respectivamente, as marcas de 99% e 53% de Dilma Rousseff e de 81% e 17% de Aécio Neves.

Os resultados da pesquisa são coerentes com a avaliação do governo federal e com as expectativas econômicas do eleitorado, ambas nos níveis mais baixos já registrados no governo Dilma, comparáveis aos do final do mês de protestos de junho de 2013.

A votação e a avaliação da petista pioram conforme sobem a renda e a escolaridade do entrevistado; a presidente é superada por Aécio entre os que têm renda familiar acima de cinco salários mínimos.

A vantagem da petista sobre os adversários cai nas cidades mais populosas; é folgada nas regiões Nordeste e Norte, similar à média nacional no Sul, apertada no Centro-Oeste e desapareceu no Sudeste, onde empata com o tucano.

A candidatura Dilma Rousseff é rejeitada por 35% dos entrevistados. No caso de Aécio Neves, 17% dizem que não votariam nele de jeito nenhum, índice que cai a 12% tratando-se de Eduardo Campos.

Em suma, mesmo que os oposicionistas ainda não tenham conseguido entusiasmar o eleitorado, parece cada vez mais sólida a fatia dos que, acima de tudo, pretendem negar um segundo mandato a Dilma Rousseff.