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Folha de Londrina: 50 mil em situação de risco

A Folha de Londrina traz na edição desta quinta-feira (22) uma triste constatação denunciada há tempos pelos movimentos sociais de Curitiba. Mais de 50 mil pessoas vivem em situação de risco, em margens de rios e córregos. O pior é que um levantamento da própria Cohab. E que o prefeito Beto Richa (PSDB) faz? Arma uma CPI na Câmara de Vereadores para criminalizar as pessoas que moram nas ocupações. Leia matéria completa em Reportagens

Folha de Londrina: 50 mil em situação de risco

Folha de Londrina: 50 mil em situação de risco

Maior parte dos habitantes de Curitiba em situação de risco está em margens de rios e córregos

Um diagnóstico habitacional realizado pela Companhia de Habitação de Curitiba (Cohab) comprovou que 50.574 pessoas moram em áreas consideradas de risco por conta da proximidade de rios e córregos. São locais nominados pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) como Área de Preservação Permanente (APP) e que foram invadidos há vários anos. Muitos deles foram predados pela ação do tempo, pelo esgoto e pelo lixo. Os moradores não têm culpa. São pessoas simples, que acabaram sendo levadas para as áreas de invasão por necessidade.

Prova disto é a ocupação 13 de Agosto, ao lado da Vila Osternack. No local, 360 famílias convivem com a insegurança, com o medo constante de enchentes. No último dia 15, várias casas foram destruídas. Ana Maria de Souza Nunes, de 89 anos, estava com o neto de 14 dentro de casa quando a chuva começou. Os filhos mais velhos tentaram tirá-la de casa, mas ela se recusou. ‘‘Eu queria proteger o que tinha dentro de casa. Mas não consegui salvar nada. Nem meus próprios documentos’’, relembrou. O filho Nelson de Souza, de 38 anos, catador de papel, foi quem conseguiu salvá-la poucos minutos antes da casa ser levada pela chuva.

‘‘Não consegui salvar nada. Somente minha mãe e meu sobrinho. A chuva levou tudo para dentro do rio. A casa rodou e caiu’’, relembrou Nelson. Ana Maria chora muito. Diz que gostaria de ter novamente o ‘‘seu cantinho’’. ‘‘Eu não esperava isso. Sempre chove e alaga tudo. A gente fica ilhado. Mas nunca pensei que perderia tudo o que eu tinha. Não deu tempo para nada’’. A casa de Ana Maria caiu no Ribeirão dos Padilhas (rio que passa no entorno de toda a ocupação). Antes, acabou derrubando outra casa. A de Dona Ithi (como pediu para ser chamada pela reportagem), de 39 anos.

  Desempregada, Ithi é que cuida de toda a infra-estrutura da ocupação 13 de Agosto. Ela mesma está fazendo sua nova casa. Nos fundos da antiga. É pedreira e eletricista. ‘‘Moro aqui há dez anos e pela primeira vez perdi tudo o que eu tinha: geladeira, televisão. O meu quarto caiu inteiro com o impacto da casa ao lado – que caiu no rio. Fiquei só com a pia que estava na cozinha. A área aqui é muito crítica. Precisamos sair daqui’’, advertiu. (Luciana Pombo-Equipe da Folha).