A poeta portuguesa Florbela Espanca ganhou uma página nessa semana na Gazeta do Povo, matéria de Rhodrigo Dheda, que lembrou os 80 anos da sua morte no dia 8 de dezembro – justamente, descreve Deda, datas do seu nascimento (8 de dezembro de 1894) e do primeiro dos três casamentos.
Não foi fácil para uma moça rebelde, inquieta e bastarda viver naqueles idos do conservadorismo lusitano do final do século XIX e das primeiras três décadas do XX. Florbela escrevia do amor e da felicidade – essas coisas tão perseguidas e, às vezes, tão trágicas e sofríveis nas nossas vidas.
Morreu cedo aos 36 anos, sua poesia ficou, me incomoda e me inspira até hoje. Mostrei o soneto “Eu” para minha analista que perguntou: – o que isso representa para você? Isso sou eu, respondi. A psicóloga deve ter pensado: “esse cara não tem conserto mesmo”.
Eu
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada… a dolorida…
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino, amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!
Sou aquela que passa e ninguém vê…
Sou a que chamam triste sem o ser…
Sou a que chora sem saber porquê…
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
Da coluna Baú de Memórias, de Zé Beto Maciel no site Circuito Rock. Leia a íntegra clicando AQUI
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