João Arruda
Nesta quarta-feira, 8, a partir das 14h, eu e o arquiteto e urbanista Luiz Forte Netto, vamos expor detalhes da proposta que será incluída no plano de governo do MDB e que prevê superar um dos principais gargalos de mobilidade urbano de Curitiba: o lento e, ás vezes, caótico trânsito da Linha Verde. Forte Netto, em outro artigo publicado na imprensa, já adiantou parte da proposta e eu devo repeti-lo aqui, mas essa é a intenção. Vamos lá.
Quando a BR-116 foi inaugurada em 1961, ligando Curitiba a São Paulo, a capital paranaense tinha exatos 361.309 habitantes, segundo o Censo daquele ano. A nova rodovia cortava uma área rural praticamente desabitada. Apenas dez anos depois, a população mais do que dobrou, para 624.362, e a cidade expandiu seus limites. A urbanização chegava também ao “outro lado” da BR-116.
Corta para 2019. O trecho urbano de 22 quilômetros da BR-116, que já tinha mudado para BR-476, tem agora o nome de Linha Verde, uma solução urbanística que pretendia – e ainda pretende – unificar a cidade e beneficiar moradores de 22 bairros, onde moram quase 290 mil pessoas (um número bem próximo ao da população inteira de Curitiba na época da inauguração da BR-116).
A dura realidade é que a Linha Verde, que começou a ser construída em 2007, com a ideia de ligar Curitiba do Sul ao Norte, desde o Pinheirinho até o Atuba, revelou-se ao longo desses anos o maior problema de trânsito da cidade, com engarrafamentos, muita perda de tempo e de paciência, sem lograr o objetivo de integrar os dois lados que artificialmente continuou a dividir, repetindo o “feito” da BR-116 nas primeiras décadas.
A Linha Verde, 12 anos depois, ainda está em obras. E, onde está concluída, não integra, só complica. Na Curitiba que já foi considerada a mais inovadora no urbanismo brasileiro, a Linha Verde pode ainda representar um acerto de planejamento com os seus devidos reparos. A via concentra os vários modais de transporte, do ônibus em canaleta própria à ciclovia, dos veículos e caminhões de cargas urbanas à passagem intensa de pedestres, que correm risco de vida todos os dias apenas para chegar ao outro lado da imensa avenida.
Nesse mês de janeiro e mais nos próximos meses, pode ter certeza: milhares de veículos vão ficar parados nos sinaleiros da Linha Verde, congestionada, com seus milhares de ocupantes perdendo tempo (e dinheiro), enquanto ônibus, caminhões, carros e motos aumentam a emissão de poluentes no ar. Sabe quanto tempo um pedestre pode demorar para atravessar a linha, se não quiser perder a vida? Nos horários de pico, cerca de 30 minutos. Sob o sol ou sob a chuva.
Se a Linha Verde é irreversível, então há que se tomar providências para integrar a cidade de fato, e não apenas avançar nos projetos sem que se invista em melhorias. E o que pode ser feito, a um custo relativamente baixo, para dar solução à divisão que a avenida traz? Temos que repensar Curitiba e trazer para o século XXI, a cidade que já foi a mais inovadora do país.
Se a Linha Verde divide a cidade, como se pode fazer com que o trânsito flua por ela, sem interrupções, enquanto o tráfego entre os bairros de um e de outro lado se processa normalmente? Na verdade, a solução é simples: eliminar todos os semáforos, de ponta a ponta dessa via, com a construção, nos nove cruzamentos estratégicos, de viadutos e trincheiras. Prazo para se concretizar esse projeto? Quatro anos, apenas.
A eliminação dos semáforos reduziria o tempo de travessia pela Linha Verde de mais de uma hora para menos de 25 minutos. Além disso, haverá mais segurança no trânsito, tanto para motoristas quanto para os pedestres que se arriscam na travessia das pistas.
Não é um projeto caro, pelo contrário. A prefeitura de Curitiba tem como reserva para investimento, no orçamento municipal, cerca de R$ 600 milhões por ano. Com 10% desse valor podem ser executadas todas as obras e transformar a Linha Verde em uma linha expressa sem interrupções. Com isso, os 22 quilômetros do trajeto do Atuba ao Pinheirinho poderão ser percorridos em menos de meia hora para ir e outro tanto para voltar.
Ganho de tempo e ganho com economia de combustível, redução de poluentes no ar e, principalmente, ganho na qualidade de vida. Porque há duas situações que podem ser consideradas as piores perdas de tempo: o engarrafamento no trânsito e as filas em bancos e outros locais de grande afluxo de público. Para essa segunda perda de tempo ainda não existem soluções, a não ser que se elimine de vez a burocracia no Brasil. Mas isso é outra história.
João Arruda é presidente do MDB do Paraná
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