A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) sedia na próxima terça-feira (5), em Curitiba, uma audiência pública da Frente Parlamentar Mista José Alencar para o Desenvolvimento da Indústria Têxtil e de Confecção do Brasil.
No encontro, deputados e representantes dos governos federal e estadual debaterão com empresários e trabalhadores o panorama atual do setor no Paraná e medidas que garantam a competitividade da indústria do vestuário local e nacional. A reunião acontece no Cietep, a partir das 9h30.
O vice-presidente da Fiep, Edson Luiz Campagnolo, que é empresário do segmento, afirma que a reunião servirá para fornecer subsídios aos parlamentares para que defendam no Congresso Nacional medidas que permitam o pleno desenvolvimento do setor.
“Este é um movimento de proteção da indústria têxtil nacional, que precisa recuperar sua competitividade tanto no cenário internacional quanto no mercado interno, em que concorremos com produtos importados”, explica Campagnolo.
A reunião em Curitiba será comandada pelo deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), coordenador da Frente Parlamentar no Estado. “Nosso objetivo é ouvir com mais detalhes aquilo que é obstáculo para a indústria e os trabalhadores do setor têxtil do Paraná”, afirma o deputado. Outra intenção do encontro é colocar o segmento em contato com integrantes do governo federal. Representantes dos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior confirmaram presença no encontro.
O deputado diz ainda que será feito um relato das atividades da Frente Parlamentar no Congresso Nacional. “Já temos algumas propostas em tramitação mais avançada. Uma delas é a ampliação do teto do SIMPLES nacional, válida para toda a indústria, mas que beneficiará significativamente o setor do vestuário. Além disso, trabalhamos para criar mecanismos que garantam maior transparência sobre as importações de produtos têxteis, para aumentar o poder de fiscalização da Receita Federal”, diz o parlamentar.
Também participará da audiência pública o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), Aguinaldo Diniz Filho. A entidade foi a principal responsável pelo relançamento da Frente Parlamentar, em abril. “Como esta mobilização vem apresentando bons resultados, o deputado Henrique Fontana, líder da Frente na Câmara, sugeriu descentralizar os trabalhos e incentivar esta mobilização nos estados para colher, junto aos empresários e trabalhadores locais, os principais desafios e oportunidades e assim conhecer ainda mais a realidade”, relata Diniz Filho. “Como esta já era uma iniciativa que a ABIT vinha colocando em prática, não pensamos duas vezes em apoiar, e por isso, estaremos em Curitiba pessoalmente“, acrescenta.
Panorama – O setor têxtil e de confecção brasileiro tem mais de 1,7 milhão de trabalhadores atuando diretamente nesta indústria, que reúne 30 mil empresas distribuídas por todo o território nacional. Em torno deste universo, direta e indiretamente e pelo efeito renda, estão quase 8 milhões de brasileiros. O setor é o segundo maior empregador da indústria de transformação e também o que mais oferece vagas para o primeiro emprego. Nesta cadeia de produção, 75% dos empregos diretos são ocupados por mulheres, que na maioria, são chefes de família, segundo dados da ABIT.
Em 2010, o setor faturou US$ 52 bilhões e investiu mais de US$ 2 bilhões em máquinas, equipamentos, tecnologia, inovação e capacitação. Apesar de ocupar a quinta posição no ranking mundial, ter uma indústria competitiva e ser uma das poucas no mundo que possui todos os elos da cadeia de produção, a indústria têxtil brasileira está há cinco anos com a balança comercial apresentando déficits crescentes. Somente no ano passado, o déficit atingiu US$ 3,5 bilhões. Este número negativo significa a não geração de 135 mil postos diretos de trabalho, ainda de acordo com a ABIT.
No Paraná, o setor segue a tendência nacional e é o segundo maior empregador do segmento industrial. São cerca de 100 mil trabalhadores atuando em 6 mil empresas espalhadas por todas as regiões do Estado. A estimativa é que a indústria do vestuário paranaense produza mais de 150 milhões de peças ao ano, com um faturamento anual que ultrapassa R$ 4 bilhões.
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