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Fica como está! Londrinense rejeita aumento no número de vereadores

Pesquisa realizada pela Alvorada revela que 82,5% dos eleitores querem a manutenção das 19 cadeiras; para analistas, Câmara deveria respeitar ”clamor popular”

Por Loriane Comeli, na Folha de Londrina:

A maioria esmagadora dos londrinenses acredita que o número de vereadores não deve aumentar. Foi o que revelou a Alvorada Pesquisas, em sondagem feita entre 10 e 12 de agosto com 510 pessoas.

Segundo a pesquisa, 82,5% dos entrevistados escolheram a opção de 19 vereadores entre outras seis possíveis (de 20 a 25 vereadores, conforme prevê a Constituição Federal alterada pela Emenda 58/2009 para cidades com 450 mil a 600 mil habitantes).

Curiosamente, a opção menos apontada pelas pessoas (0,8%) ouvidas foi a de 21 cadeiras, que é o número que a maioria dos vereadores parece ser favorável.

”Projetando esse índice (82,5%) para o eleitorado londrinense, temos cerca de 287 mil pessoas a favor do tamanho atual da Câmara”, elucidou o diretor da Alvorada Pesquisas, Waldimir Coutinho Mendes. Somente 42 mil eleitores apoiariam número maior de vereadores.

A pesquisa também revela certo desinteresse pela política e grande desconhecimento da Câmara. A maioria não sabe quantos vereadores Londrina tem atualmente (72,4%), qual o orçamento anual do Legislativo (93,1%), não se lembra em qual candidato a vereador votou nas últimas eleições (54,5%). ”A população não conhece a parte técnica da Câmara, mas mostra estar preocupada com o custo do Legislativo”, avaliou Coutinho.

Analistas ouvidos pela FOLHA avaliam que a pesquisa revela a já conhecida rejeição do eleitor à classe política e destacam que reprovação à elevação do número de vereadores não ocorreu apenas em Londrina.

Para o doutor em filosofia e professor da Universidade Estadual de Londrina, Elve Miguel Cenci, o agravante no caso de Londrina é que o Legislativo foi alvo de extensa investigação em 2008 que revelou um esquema de cobrança de propina para aprovar projetos de lei. Nas eleições daquele ano, 70% dos vereadores não foram reeleitos.

”O eleitor não tolera mais cargos políticos. Creio que pensem: por que devemos sustentar mais dois vereadores se há uma coleção de exemplos de que a classe política não cumpre seu papel e não é de qualidade”.

Outro fator que pesa para esta rejeição é a percepção de certa omissão dos vereadores acerca do escândalo atualmente investigado no Executivo. ”As denúncias acabam desgastando a Câmara porque os vereadores não cumpriram seu papel de fiscalizar o Executivo. Agora, estão com as comissões de investigação abertas, mas isso é percebido pelo eleitor como uma ação tardia”, avalia Cenci.

”Será que esses vereadores não perceberam o caos na saúde, não têm parentes ou conhecidos que sofreram nas filas dos postos de saúde”, questionou, referindo-se às denúncias de que havia um esquema de corrupção e desvio de dinheiro na saúde por meio dos institutos que executavam programas de saúde, como o Saúde da Família, Samu e policlínicas.

O cientista político Mário Sérgio Lepre também entende que o eleitor acaba generalizando e rejeitando quase tudo o que se refere à política. ”O lado ruim desta generalização é imaginar que a institutição Legislativo seja algo que não deva existir, afinal de contas, é um Poder inerente ao sistema democrático”, comentou. ”Já a rejeição a aumentar o número de vereadores é razoável e compreensível.”