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FHC defende restrição ao desmate e critica código

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso disse ontem (23) ser a favor do desmatamento zero no Brasil. “Já me manifestei a favor. Porque acho que não há por que se aceitar o desmatamento como uma técnica de utilização da floresta. ‘Se é meio ambiente, é uma discussão nacional, não de partido’, diz Fernando.

Existem experiências com comunidades extrativistas que demonstram que se pode conviver com a floresta e dar sentido econômico a ela, sem destruí-la. E a Amazônia não é só floresta, pode-se plantar onde não tem floresta, mas onde tem um bem tão grande, é melhor manter a posição mais estrita”, afirmou durante o 3.º Fórum Mundial de Sustentabilidade, em Manaus, onde fez uma apresentação sobre os desafios do desenvolvimento sustentável.

Questionado sobre sua posição em relação à mudança do Código Florestal, disse que “tem de continuar firme. Tem de manter de toda a maneira as restrições para preservar o meio ambiente”. Depois, quanto à votação, mandou uma espécie de recado ao Congresso em relação à disputa de partidos que se formou em torno da questão.

“Eu tenho medo que a votação seja utilizada para outros fins que não de dizer se é bom ou mau. Nessa matéria acho que a gente tinha de ter uma posição de convergência nacional. Se é meio ambiente, é uma discussão nacional, não de partido.”

FHC lembrou que desde 1972, quando os problemas do meio ambiente começaram a ganhar destaque, com a conferência de Estocolmo, o mundo avançou na compreensão do problema e na aceitação de que ambiente e crescimento não são discordantes. “Já sabemos que é possível ter desenvolvimento e respeito à natureza juntos.

Sabemos o que tem de ser feito e como ser feito. Mas o problema é que isso é urgente. E isso ainda não foi entronizado pela sociedade brasileira nem pelas sociedades de outros países. E ainda não vi muita clareza nessa questão, não há um projeto nacional que entrelace as duas coisas. Não é uma questão se vai ganhar mais ou menos com isso, é um desafio moral, porque o valor que tem nisso é o valor da vida.”

O ex-presidente também falou sobre as expectativas para a Rio+20. Segundo ele, o foco deveria ser nos problemas ambientais. “A questão social está ligada à questão ambiental, mas tem de fazer essa ligação. Na África, em Durban (na conferência do clima da ONU no ano passado), os africanos insistiram na pobreza, na questão social, e isso vai aparecer no Rio, mas não podemos perder o foco. Se não cuidarmos do ambiente, quem vai pagar o pato são os mais pobres.

A questão central é a do efeito estufa, não temos políticas adequadas até hoje em compatibilizar desenvolvimento e respeito ao ambiente. É uma questão moral, e por isso política.”

Fonte: Agência Estado