Folha de São Paulo
Em sua primeira análise após as eleições, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) cobrou que a oposição retome “logo a ofensiva nos debates políticos” e insinuou desconfiança sobre a disposição que a presidente Dilma Rousseff (PT) disse ter para dialogar com seus adversários.
“Só se pode confiar em quem demonstra com fatos os seus propósitos”, escreveu FHC em artigo publicado neste domingo (2) em jornais como “O Globo”, “O Estado de S. Paulo” e “Gazeta do Povo”.
“Depois de uma campanha de infâmias, difícil crer que o diálogo proposto não seja manipulação”, concluiu.
No texto, FHC acusa Dilma de ter protagonizado uma campanha de “má-fé”. Ele não escondeu a mágoa com os ataques que a petista fez ao candidato do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), usando sua gestão como vidraça.
“Eu, que nem candidato era, fui sistematicamente atacado pelo PT”, desabafou.
O ex-presidente diz que a propaganda petista “inventou uma batalha dos pobres contra os ricos”. “Isso não é política de esquerda nem de direita, é má-fé política para a manutenção do poder a qualquer custo.”
FHC disse ainda que Dilma coloca-se “como campeã da moralidade pública”, apesar de ter se esquivado de perguntas sobre “seus companheiros que ainda estão na Papuda” (os presos no processo do mensalão) e sobre o suposto envolvimento do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, na arrecadação de propinas de obras da Petrobras.
Para o ex-presidente, uma das principais bandeiras da oposição deve ser o protesto contra a estratégia da “desconstrução do adversário”.
“O vale-tudo na política não é compatível com a legitimidade democrática do voto”, escreveu.
“Marina, de lutadora popular e mulher de visão e princípios foi transformada em porta-bandeira do capital financeiro”, resumiu. “Aécio, que milita há 30 anos na política (…), foi reduzido a playboy, farrista contumaz e candidato dos ricos'”.
Por fim, o ex-presidente diz que “a confiança é como um vaso de cristal, uma pequena rachadura danifica a peça inteira”, numa referência ao desgaste que a campanha provocou nas relações entre Dilma e o PSDB, e entre a petista e ele próprio.
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