do Josias de Souza
A família do doleiro Alberto Youssef o pressiona para que negocie com o Ministério Público Federal os termos de um acordo de delação premiada semelhante ao que foi fechado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Youssef discutiu a hipótese com seus advogados. Não bateu o martelo. Mas sinalizou a intenção de seguir outro caminho. Equipa-se para tentar anular nos tribunais superiores de Brasília o inquérito da Operação Lava Jato e os processos dele decorrentes.
Além da pressão familiar, Youssef recebeu indicações de que sua delação interessa também às autoridades envolvidas no caso. No esquema de corrupção da Petrobras, empreiteiras davam propinas milionárias a políticos governistas para obter contratos na estatal.
Do lado de dentro da Petrobras, Paulo Roberto Costa azeitava os desvios. Desde 29 de agosto, ele conta o que sabe a procuradores e delegados federais. Do lado de fora, cabia a Alberto Youssef lavar o dinheiro sujo. Tornando-se delator, ele permitiria aos investigadores fechar o cerco aos corruptos e corruptores a partir das duas extremidades do esquema.
Deve-se a resistência de Youssef em tornar-se um réu-colaborador ao advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Os dois têm se reunido semanalmente. A última conversa ocorreu há sete dias, na quinta-feira da semana passada. Nela, Youssef relatou a pressão que recebe da família para aderir à delação.
Preso há seis meses, queixou-se das condições carcerárias. Classificou sua situação de degradante. Divide uma cela com outros três presos. Um buraco no chão faz as vezes de vaso sanitário. A água para o banho é fria. Segundo seu relato, a coisa piora nos finais de semana. Fica trancafiado do meio da tarde de sexta até a tarde de segunda, sem banho de sol.
Paulo Roberto, que coabitava a mesma cela, teve, por assim dizer, um up-grade prisional desde que resolveu abrir o bico. Youssef revelou-se preocupado com a rendição do ex-parceiro. Perguntou a Kakay o que achava. O advogado repetiu algo que já dissera ao cliente. Considera desaconselhável a delação premiada. Avalia que há boas chances de anular a Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal ou no Superior Tribunal de Justiça.
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