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Faltou à prisão de Vargas o braço erguido

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Josias de Souza

O ex-deputado federal petista André Vargas foi preso em Curitiba. A imagem de sua chegada à carceragem da Polícia Federal, prostrado no banco traseiro do carro, contrasta com uma outra cena, captada no plenário do Congresso em fevereiro de 2014. Numa sessão de início de legislatura, Vargas ergueu o braço, com o punho cerrado, numa provocação ao então presidente do STF, Joaquim Barbosa, acomodado do seu lado. A comparação das duas cenas diz muito sobre o Brasil —ex-país do futuro, atual país do faturo.

“A gente tem se cumprimentado assim”, dissera aquele André Vargas de um ano atrás. “Foi o símbolo de reação dos nossos companheiros que foram injustamente condenados. O ministro [Barbosa] está na nossa Casa. Ele é um visitante, tem nosso respeito. Mas estamos bastante à vontade para cumprimentar do jeito que a gente achar que deve.”

Nessa época, André Vargas era do PT, ocupava a vice-presidência da Câmara, destacava-se como fervoroso defensor da bancada dos mensaleiros da Papuda e discursava a favor controle da imprensa. Hoje, sem partido, ele é deputado cassado, acaba de virar detento, terá de defender a si próprio e está de ponta-cabeça nas manchetes da imprensa que desejava manietar. O que deu errado? Simples: o PT não aprendeu a lição. E estimulou a desfaçatez de gente como o companheiro Vargas.

Para Lula o mensalão não passou de “uma farsa”. Para Rui Falcão, presidente do PT, o STF rendeu-se a pressão da mídia golpista. Condenados, Dirceu, Genoino, João Paulo e Delúbio viraram “guerreiros do povo brasileiro.” Submetido a essa atmosfera de glorificação do crime, o companheiro André Vargas sentiu-se à vontade para estreitar relaçõe$ com pessoas como o doleiro Alberto Youssef.

Numa troca de mensagens capturada pela Polícia Federal, Youssef soou asfixiado: “Tô no limite. Preciso captar.” O amigo André Vargas respondeu, solícito: “Vou atuar.” Atuou tanto que se tornou merecedor de mimos como o jatinho que Youssef alugou para que o amigo voasse com a família para um passeio em João Pessoa. E prosperou.

O petrolão mostra que muitos outros atuaram. E André Vargas não quis ficar para trás. Diversificou as atividades de sua mão. Fechada, a mão arrematava o punho cerrado que ofendia Joaquim Barbosa e a lógica. Aberta, enfiava-se no bolso dos brasileiros. A julgar pela forma como a corrupção se generalizou, ainda tem muito revolucionário atuando. Assim, quando alguém do teu lado cerrar o punho em defesa do interesse nacional e dos injustiçados, cuidado com a carteira.