Editorial, Folha de S. Paulo
Ainda que desgastada e imprecisa, a divisão conceitual entre direita e esquerda dificilmente escapa ao horizonte dos analistas políticos. Afinal, persistem, apesar das alterações da conjuntura histórica, associações de valores a diferenciar uma e outra forma de afiliação ideológica.
Tradição, autoridade e hierarquia versus utopia, contestação e mudança; crítica à desigualdade ou estímulo à concorrência; intervenção estatal ou confiança no mercado; nacional-desenvolvimentismo ou defesa da globalização. São inúmeras as oposições que, em estado puro, podem ser consideradas no debate.
Ocorre que, na prática, dualidades de tal tipo raramente sobrevivem, e as combinações entre seus diferentes aspectos multiplicam as opções em jogo e as incoerências que, em tese, abrigam dentro de si.
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