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Falsa carta psicografada causa bate-boca na pré-campanha de Sergipe

Uma falsa carta psicografada atribuída ao governador Marcelo Déda (PT), morto em 2013, ganhou repercussão após ser compartilhada em redes sociais e agitou a sucessão eleitoral em Sergipe. As informações são de João Pedro Pitombo na Folha de S, Paulo.

Em mais um episódio de notícias falsas na pré-campanha, a carta continha críticas ao ex-governador Jackson Barreto (MDB), que sucedeu Déda no cargo após sua morte e se reelegeu em 2014.

Déda morreu após complicações decorrentes de um câncer aos 53 anos. Ele cumpria seu segundo mandato como governador de Sergipe.

Além das críticas ao emedebista, a falsa carta orientava os petistas a não firmarem aliança com o grupo político de Barreto. Ainda sugeria ao ex-presidente Lula que não desistisse de disputar a eleição.

Em mensagens nas redes sociais, a psicografia da carta foi atribuída ao médium baiano Divaldo Franco, 91, que teria recebido a mensagem por meio do espírito Joanna de Angelis.

Franco é um dos médiuns mais conhecidos do país e mantém desde 1952 em Salvador uma entidade que acolhe crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social.

Ao saber da falsa mensagem, o medium gravou um vídeo no qual, “profundamente constrangido”, negou a autenticidade da carta. “Nesses 70 anos de vida pública, tenho tido muito respeito à mediunidade. Não me tenho permitido levar o fenômeno mediúnico à praça das feiras pra divertimento dos frívolos”, afirmou Franco.

A Federação Espírita de Sergipe também repudiou o uso do nome do médium para propagação da mensagem.

Principal alvo da falsa carta, Jackson Barreto entrou com uma ação na Justiça para tentar identificar seus autores. “Lamento profundamente que a campanha comece de forma tão baixa, atacando a memória do ex-governador Marcelo Déda para propagar mentiras”, disse Barreto à Folha.

Ele acusa aliados do deputado federal André Moura (PSC), líder do governo Michel Temer no Congresso, de propagar a falsa carta. Moura e Barreto são pré-candidatos ao Senado em chapas opostas e vão se enfrentar nas urnas.

Um dos que compartilharam a falsa carta em grupos no aplicativo WhatsApp foi o jornalista e advogado Nubem Bonfim, ex-consultor e aliado político de Moura.

O deputado, por meio de sua assessoria, negou qualquer relação com o episódio e informou que o jornalista não faz parte de sua equipe de assessores. A Folha não conseguiu contato com Nubem Bonfim.

Em uma rede social, a viúva de Marcelo Déda, Eliane Aquino, repudiou o uso do nome do marido na propagação de notícias falsas.

“Partiu de alguém que não tem o mínimo respeito pelos outros, que tem um coração seco”, afirmou Eliane, que atualmente é vice-prefeita de Aracaju.

A falsa carta também foi criticada pelo presidente estadual do PT, Rogério Carvalho.

Ele reforçou o indicativo de manutenção da aliança do PT com o grupo de Jackson Barreto e apoio à reeleição do governador Belivaldo Chagas (PSD), que assumiu o governo neste ano com a renúncia do emedebista.

Belivaldo enfrentará nas urnas o senador Eduardo Amorim (PSDB) e o deputado federal Valadares Filho (PSB).