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Fake news e seu peso no processo eleitoral

Políticos ouvidos pela Folha de Londrina reconheceram o peso das fake news, termo em inglês usado para se referir à disseminação de notícias falsas, no processo eleitoral. Conforme pesquisa da Transparência Internacional, quatro em cada cinco brasileiros também acreditam que esse tipo de estratégia, baseada na mentira, pode modificar o resultado de um pleito. As informações são de Mariana Franco Ramos.

Os números constam no “Barômetro Global da Corrupção: América Latina e Caribe”, divulgado na semana passada em todo o mundo. Foram ouvidas mil pessoas entre fevereiro e abril, primeiros meses do governo Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pelo Instituto Ipsos. O levantamento tem margem de erro de 2,8 pontos percentuais para mais ou para menos, com 95% de confiabilidade.

Entre os 18 países participantes, o Brasil aparece nesse quesito com 82% nas respostas para a pergunta que avaliava o uso de “informações falsas ou notícias falsas sendo disseminadas para influenciar os resultados das votações”.

A Argentina vem logo atrás, com 81%, seguida da Venezuela, com 80%. As nações com os índices mais baixos são a Costa Rica (52%) e o Chile (59%). “A desmoralização por essas fake news nas redes sociais influencia em questões eleitorais. Muitas vezes, as fake news são usadas para ‘denegrir’ a imagem das pessoas. Sou amplamente favorável a ter medidas duras contra isso”, sugere o presidente da AL (Assembleia Legislativa) do Paraná, Ademar Traiano (PSDB-PR), que é também dirigente do PSDB no Estado.

O tucano lembra que não cabe ao Parlamento estadual legislar sobre o assunto, mas defende maior rigor nas punições. “É legislação federal. Brasília já está trabalhando nesse sentido. Há necessidade de estabelecer um regramento, para que a Justiça também tenha um amparo legal e possa estabelecer decisões”, afirma.

Para o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR), a pesquisa é verídica. Entretanto, “a maior vítima de fake news nas eleições foi Bolsonaro”. “Quem diz isso não é o Filipe Barros, não é o eleitor do Bolsonaro. Quem diz isso é o próprio TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que condenou (Fernando) Haddad (PT) por divulgação de notícias que denigrem outros candidatos. Bolsonaro foi a maior vítima desse sistema podre que o PT utiliza”, diz.

O parlamentar se refere a uma decisão do ministro Luiz Edson Fachin, do TSE, que determinou que o candidato do PT à Presidência pagasse multa no valor de R$ 176,5 mil por impulsionamento irregular de conteúdo contra o presidente. Questionado se a prática não ocorre de todos os lados, ele responde que não. “Foi só do lado do Haddad. Bolsonaro não fez impulsionamento de notícias através do Whatsapp. Foi a própria Justiça brasileira que disse”.

Ainda de acordo com Barros, a melhor forma de combater essa prática é através da internet e de uma imprensa que de fato cubra os fatos. “É por essa razão que o PT sempre quer regulamentar a mídia, censurar a população que utiliza a internet. É porque o PT quer continuar propagando mentiras”, opina. “Já existem instrumentos legais para quem extrapola o direito à liberdade de expressão. A gente não pode sob o pretexto de combater fake news cercear o direito de todo mundo”, completa.