“O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade” – Umberto Eco
Eu que já abordei por diversas vezes o perigo que se transformou a internet com os “fake news”, infelizmente agora fui vítima das notícias falsas. E não foi a primeira vez.
São mais do que difíceis os tempos em que vivemos e o o escritor Salman Rushdie, em recente entrevista, diagnosticou com precisão os tempos da nossa atualidade. ”São tempos de uma cultura da ignorância agressiva. Na internet coexistem no mesmo nível de autoridade as verdades e as mentiras”, disse.
E mentiras, meia-verdades e a pós-verdade ganharam corpo nas redes sociais, especialmente no Facebook e no Whatsapp, hoje territórios livres para disseminação de ódio e de violência com objetivo de assassinar as reputações.
As fakes news ganharam relevância a partir da eleição norte-americana marcada pela criação de sites e perfis dedicados a “plantar” rumores no facebook. O Congresso dos EUA abriu várias investigações e encontrou mais de três mil perfis que compravam publicidade para incentivar o clique nesse tipo de conteúdo.
No Brasil, não é diferente. Oportunistas e mal intencionados usam as redes sociais para atacar, ofender, arrasar reputações sem qualquer noção de civilidade e de respeito e revelam falta de caráter e os piores preconceitos. Artistas e jornalistas são vitimas de manifestações racistas e de toda ordem. E os políticos são o alvo preferencial dessa gentalha que se especializou em espalhar falsidades e manipular parte da opinião publica.
Há duas semanas, quando me manifestei contra o projeto inconstitucional da escola sem partido, fui alvo de uma dessas milícias, que patrocinou posts em que me retratava como inimigo da família. A ação foi orquestrada por gente acostumada a bater e esconder a mão, escória da escória.
Neste fim de semana, a malta assanhou-se novamente e engendrou nova armação. Usaram imagens de uma carreta apreendida com drogas proveniente de Naviraí (MS), cuja empresa não é de minha propriedade e nem dos meus familiares, mas graças à manipulação e à mentira espalhou-se nas redes sociais que somos bandidos e traficantes de drogas e armas, para o MST e sindicatos.
Já tomei das providências necessárias para identificar os autores da infâmia e eles serão acionados judicialmente, assim como os que irresponsavelmente reproduziram a mentira. sem apuração nem checagem.
Para assassinar reputações, nada mais eficaz do que uma mentira baseada em verdades ou sutilmente envolta nelas, ensina Álex Grijelmo, autor do livro “A Informação do Silêncio. Como se Mente Contando Fatos Verdadeiros”. Na obra, ele explica conceitos como pós-verdade, pós-mentira e pós-censura e revela como acontece a popularização das crenças falsas.
Embora hoje tudo seja verificável e não seja fácil mentir, ele mostra que essa dificuldade pode ser superada com dois elementos básicos: “a insistência na asseveração falsa, apesar dos desmentidos confiáveis; e a desqualificação de quem a contradiz. E a isso se soma um terceiro fator: milhões de pessoas prescindiram dos intermediários de garantias (previamente desprestigiados pelos enganadores) e não se informam pelos veículos de comunicação rigorosos, mas diretamente nas fontes manipuladoras (páginas de Internet relacionadas e determinados perfis nas redes sociais)”.
Segundo ele, vivemos “a paradoxal situação de que as pessoas já não acreditam em nada e ao mesmo tempo são capazes de acreditarem em qualquer coisa”. Na antevéspera das eleições, um dos grandes desafios será combater a proliferação de noticias falsas.
Luiz Claudio Romanelli (PSB), deputado e líder do governo na Assembleia Legislativa.
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