Do O Diário de Maringá
Na manhã de 13 de julho, quando é celebrado o dia do rock, o sertanejo Fábio Elias acordou num hotel no Rio de Janeiro, entrou na internet e disparou mensagens aos seus ex-companheiros de Relespública, Emanuel Moon (bateria) e Ricardo Bastos (baixo), parabenizando-os pelo dia.
Cumprimentos pra lá de merecidos. Afinal, a Relespública de Fábio, Moon e Ricardo, formada em 1989 e com seis álbuns lançados, é, ao lado do Blindagem, uma das bandas mais importantes do rock paranaense de todos os tempos.
Quando estava em Curitiba, no final de agosto, Fábio Elias combinou um boteco com seus comparsas. Na mesa, entre cervejas, confessou sua vontade de voltar ao rock. “Eles disseram que só estavam me esperando”, lembrou o cantor, entrevista ao Diário, por telefone.
Ninguém da Relespública havia comentado os encontros na calada da noite curitibana. Na última terça-feira, os fãs e músicos foram surpreendidos pela postagem de Fábio Elias no Facebook, anunciando o primeiro ensaio do trio.
“Boa tarde, são 17h. Daqui a pouco partindo pro primeiro ensaio da Relespública. São exatos 17 meses e 17 dias sem fazer um som!”, postou o cantor. Em seguida, comentou que já há shows agendados para 2012.
Fábio Elias causou polêmica, em nível nacional, ao anunciar a pausa da Relespública e divulgar sua nova carreira, dedicada ao sertanejo universitário. Trocando a guitarra pelo violão e o terno retrô pela camiseta xadrez, Fábio Elias lançou o CD “Me Dê um Pedaço Seu”, em abril de 2010.
Os fãs roqueiros não tiveram piedade. Nos blogs e sites de notícias, termos como “vergonha alheia”, “decadência” e “triste” foram disparados com frequência em comentários na internet.
Em entrevista concedida ao Diário, em dezembro do ano passado, o cantor Nasi, ex-Ira!, chegou a colocar seu nome à disposição da Relespública para que fizessem um show especial, que marcasse o fim do lado sertanejo de Fábio Elias e, consequentemente, seu retorno ao rock.
“Eu me coloco à disposição da Relespública para a gente fazer uma apresentação, juntos, e marcar o retorno da banda aos palcos”, afirmou Nasi.
No ensaio desta semana, os primeiros acordes explodiram numa versão do The Who. “Plugamos os instrumentos e perguntei: ‘Onde nós paramos?’. Retomamos a última música executada, no ano passado, quando encerramos nossa apresentação, na abertura do show dos Mutantes”.
Em entrevista ao Diário, Fábio Elias comenta suas indas e vindas musicais , fala do futuro da Relespública, comenta o DVD inédito, ainda sem previsão de lançamento, e diz que vai formar uma nova banda, de country rock. “É como se fosse o Creedence tocando sertanejo no Brasil”.
O Diário – O ensaio foi emocionante?
Fábio Elias – Foi muito emocionante. Depois de mais de vinte anos tocando juntos, estávamos deixando a família de lado. Estamos voltando com outra postura em relação à vida.
O Diário – O que mudou nessa nova postura?
Fábio Elias – Agora, a gente pode tomar conta da nossa família. O Ricardo e o Moon são casados, têm filhos, querem dedicar mais tempo à família. A gente nunca passou o natal ou o ano novo em casa, sempre estávamos tocando. Perdíamos os almoços de domingo porque estávamos na estrada, voltando para Curitiba. A música sempre foi prioridade. Descobri que só seremos felizes tocando ao lado da nossa família.
O Diário – Tenho um amigo que era fã da Relespública, mas se recusa a assitir ao show da banda, depois que você investiu na carreira sertaneja. O que acha disso?
Fábio Elias – Esse seu amigo vai perder um show do cacete! Respeito as opiniões dos fãs que não me entenderam. Mas não dá mais só para ouvir um estilo musical, só ouvir rock, blues, jazz. As pessoas, hoje, acordam rock, dormem sertanejo, e, à tarde, são punks.
O Diário – Vocês têm planos de lançar um álbum de inéditas?
Fábio Elias – Vamos lançar, primeiro, um DVD gravado no Empório São Francisco, pouco antes da banda acabar. No DVD há uma música inédita, “James Brown”, e o registro de “Sonhando Acordado”.
O Diário – Será independente?
Fábio Elias – Ainda somos independentes, mas o nome da banda cresceu. Querem nossos shows no norte, nordeste, Rio Grande do Sul: somos, agora, uma banda de nível nacional. Depois de vinte anos fazendo rock aos trancos e barrancos. É uma volta por cima.
O Diário – Você vai deixar o sertanejo?
Fábio Elias – Não, vou continuar tocando. Quero fazer uma nova banda, dedicada ao country rock. Imagina só: é como se fosse o Creedence tocando sertanejo universitário no Brasil.
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