De 8 a 13 de maio, os curitibanos vão poder conferir a exposição Arpilleras da Resistência Política Chilena, no Memorial da Cidade de Curitiba.
A mostra traz algumas denúncias sobre os problemas políticos e sociais enfrentados no Chile durante a ditadura (que durou de 1973 a 1990), realizadas por mulheres por meio de Arpilleras, uma técnica têxtil elaborada em pano rústico – geralmente cânhamo ou linho grosso, proveniente de sacos de farinha ou batatas -, com linhas, vários objetos e retalhos de tecidos. A entrada é gratuita.
O Museu está localizado na Rua Claudino dos Santos, s/nº – Largo da Ordem – São Francisco (Centro Histórico de Curitiba). O horário de funcionamento é das 9h às 18h (de terça a sexta-feira) e das 9h às 15h (aos finais de semana).
Clara Politi, produtora da exposição, conta que as Arpilleras desta coleção nasceram das mãos de mulheres que estiveram presas ou cujos maridos ou filhos tinham sido presos, torturados ou assassinados durante a ditadura. Inicialmente uma obra de artesanato popular, estas peças acabaram tendo não só valor artístico como serviram para ajudar financeiramente estas mulheres que se uniam em grupos de trabalho, comunidades artesãs ou entidades da sociedade civil.
“Desta maneira, além de tentar denunciar dentro do próprio país e também para os estrangeiros as situações de falta de liberdade e privações pelas quais estavam passando, essas mulheres conseguiam reforçar o sustento da família com o que elas confeccionavam”, explica a produtora.
A exposição traz cerca de 30 Arpilleras – que costumam ter tamanho de 60 cm x 60 cm -, todas elas produzidas durante a ditadura. Algumas delas ilustram, por exemplo, a determinação das mulheres diante da repressão policial às suas reivindicações, o senso de comunidade e a força política e social que elas conseguiam manter nesse cenário e o terrorismo praticado pelos soldados carabineiros chilenos, a polícia local.
“NasArpilleras que formam esta exposição está escrita a história social de um grupo de mulheres que, de alguma forma, sofreram torturas e discriminações típicas de um regime ditatorial e que puderam encontrar o caminho para expressar suas emoções e também denunciar o que ocorria nos cárceres chilenos”, completa Clara.
As peças pertencem à pesquisadora chilena Roberta Bacic, curadora da exposição. Nascida em 1949, ela já montou mais de trinta exposições de Arpilleras pelo mundo, em países como Japão, Estados Unidos e França. A primeira delas foi realizada em 2008, na Irlanda do Norte, onde a curadora reside desde 2004.
Em abril, a exposição passou com grande sucesso por Porto Alegre e Brasília. Depois de Curitiba, seguirá para mais duas capitais do país (Belo Horizonte e Rio de Janeiro) até o mês de junho. Sua realização acontece graças ao patrocínio da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, obtido por meio do edital “Marcas da Memória”.
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