O juiz federal Sergio Moro aceitou na última sexta-feira a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra os presos na 31ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada em julho e batizada de Abismo. Entre os 14 acusados de corrupção e lavagem de dinheiro, que agora passam ao banco dos réus, está o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, representante do partido no recebimento de propinas retiradas do contrato de 848,9 milhões de reais para a construção do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), no Rio de Janeiro. De acordo com a denúncia da força-tarefa da Lava Jato, 20 milhões de reais foram desviados no esquema. As informações são de João Pedroso de Campos na Veja.
No breve despacho em que aceitou a denúncia, Moro disse entender que há “indícios suficientes de autoria e materialidade” contra os acusados, entre os quais há operadores financeiros e executivos das empreiteiras OAS, Carioca Engenharia, Construbase, Construcap, CCPS Engenharia e Schahin.
Até o magistrado receber a acusação do MPF, Ferreira era o único dos últimos três tesoureiros petistas livre de uma ação penal no petrolão. Seu antecessor, Delúbio Soares, é réu por lavagem de dinheiro no processo que apura o empréstimo fraudulento de 12 milhões de reais do Banco Schahin ao PT, compensado por um contrato bilionário com a Petrobras. João Vaccari Neto, que sucedeu Ferreira à frente das finanças petistas, já acumula condenações a 24 anos de prisão em duas ações penais da Lava Jato e é réu em outras seis.
Segundo o ex-vereador petista Alexandre Romano, o Chambinho, que fechou acordo de delação premiada com a Lava Jato e também se tornou réu, três empresas suas receberam 1 milhão de reais dos desvios no Cenpes e repassaram o valor a Paulo Ferreira por meio de contratos falsos. O dinheiro era enviado a Ferreira e a destinatários indicados por ele, como familiares, blogs com linha editorial favorável ao PT e até uma escola de samba do Rio Grande do Sul.
O ex-tesoureiro do PT também é réu na Operação Custo Brasil, da Justiça Federal de São Paulo, por participação no desvio de 100 milhões de reais de um contrato de administração de empréstimos consignados de funcionários do Ministério do Planejamento, entre 2009 e 2015.
Além de Paulo Ferreira e Chambinho, são réus pelos crimes investigados na Operação Abismo os operadores Adir Assad, Roberto Trombetta e Rodrigo Morales; Léo Pinheiro e Agenor Franklin Magalhães Medeiros, executivos da OAS; Ricardo Backheuser Pernambuco, da Carioca Engenharia; Genésio Schiavinato Júnior, da Construbase; Roberto Ribeiro Capobianco e Erasto Messias da Silva Júnior, da Construcap; Edison Freire Coutinho e José Antônio Marsílio Schwarz, da Schahin; o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque.
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