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Ex-diretor da Petrobras é contra o leilão do Campo de Libra

O diretor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/USP), Ildo Sauer, ex-diretor da Petrobras, classificou o leilão do Campo de Libra, primeiro na área do pré-sal, programado para o próximo dia 21, “contra o interesse nacional”. “Sou totalmente contrário”, disse o diretor do IEE/USP em entrevista à Agência Brasil.

“Quem disse que vai ser bom para o país é porque ou deve estar equivocado ou não sabe fazer contas”. Sauer sublinhou que nenhum país do mundo que conseguiu identificar uma nova província petrolífera, ainda mais da importância de Libra, coloca em produção e efetua leilões sem primeiro pesquisar a fundo qual é o tamanho da reserva.

“Se é para mudar o país, você tem que saber quanto petróleo tem. Nenhum fazendeiro vende uma fazenda sem saber quantos bois têm”, argumentou para sinalizar a necessidade que haja um controle estratégico sobre o ritmo de produção. As reservas do Campo de Libra – localizadas da Bacia de Santos (SP) – estão estimadas entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris de petróleo.

Esta é a mesma posição do senador Roberto Requião (PMDB/PR). O parlamentar realizou uma audiência pública no Senado para discutir o tema e está preparando uma medida judicial contra o leilão. “Leiloar o maior campo de petróleo do mundo é coisa de quem não leva a sério a soberania nacional”, afirmou o senador, criticando o “desinteresse absoluto no Congresso Nacional pelo leilão de Libra”.

Interesse público – Ildo Sauer afiançou que o edital de Libra é um equívoco estratégico e contraria o interesse público. Ele salientou que todos os países exportadores controlam o ritmo de produção a partir de interesses de Estado “e não de contratos microeconomicamente outorgados”. Para ele, o melhor regime para países que têm grandes recursos de petróleo é contratar uma empresa 100% estatal, como ocorre, por exemplo, com a Petróleos da Venezuela (PDVSA).

Sauer sustentou que, atualmente, no mundo, todas as grandes reservas de petróleo estão nas mãos de empresas 100% estatais ou de Estados nacionais. “Somente uma fração está na mão das grandes multinacionais do passado, como a Exxon, a Shell, a EPP, a British Petroleum”.