Em sua segunda edição, o círculo de debates Palestina Vive 2: Estética da Autodeterminação traz a questão da luta do povo palestino ao ambiente acadêmico. Fruto de uma parceria do Cebrapaz com a Cia de Teatro Amadeus e a Comunidade Árabe Palestina de Foz do Iguaçu (PR), a atividade vai promover mostra de filmes e documentários seguidos de debates com especialistas. As informações são de Mariana Serafini, do Vermelho.
De acordo com um dos idealizadores da atividade, o professor Jorge Anthonio e Silva – que compõe o corpo docente da Universidade Federal de Integração Latino-Americana – a ideia é trazer a questão palestina para o centro do debate da sociedade civil através de uma linguagem acessível.
A presidenta do Cebrapaz, Socorro Gomes ressalta a importância desta atividade realizada em uma cidade com uma grande comunidade árabe e forte presença palestina. “O Cebrapaz já realizou ano passado uma semana de solidariedade à Palestina aqui em Foz do Iguaçu, essa atividade é muito importante porque mobiliza autoridades políticas e a própria sociedade civil a exigir a legitimação do Estado Palestino e ao mesmo tempo luta contra o apartheid de Israel”.
Socorro esclarece que no momento quando a Palestina foi reconhecida como Estado Observador no conselho da ONU (em outubro de 2012), Israel intensificou a perseguição e as ameaças ao povo palestino, além de ter ampliado o processo de ocupação militar no território palestino. Ela acredita que diante deste quadro político, é fundamental se intensificar também a solidariedade internacional.
“Israel hoje já é um Estado isolado que só se sustenta porque tem o apoio dos Estados Unidos e auxilia no processo de política de dominação estadunidense na região [Oriente Médio]. Mas o mundo já conhece Israel e suas práticas de opressão ao povo palestino, por isso essa iniciativa nos chama a refletir sobre esta questão e a denunciar o apartheid praticado por Israel. Nós nos sentimos muito irmanados com o povo palestino”, afirma Socorro.
A primeira edição do Palestina Vive foi realizada em meados de abril de 2013, quando comemorava-se um ano de irmandade das cidades Foz do Iguaçu e Jericó. A proposta de colaboração entre as duas cidades é do vereador do PCdoB em Foz do Iguaçu, Nilton Bobato. Segundo ele, a ideia é fortalecer os laços com a cidade mais antiga do mundo ocidental, Jericó, devido às características parecidas dos dois territórios, mas principalmente divulgar a causa palestina no Brasil e estabelecer canais de colaboração entre os dois povos.
Bobato conta que depois do acordo de cooperação criou-se um calendário de atividades em Foz do Iguaçu que trazem a questão palestina para o cotidiano do povo iguaçuense. Ambas as cidades são destinos turísticos importantes em seus países. Jericó por ser a cidade mais antiga do mundo e contar com uma arquitetura encantadora e Foz do Iguaçu por ter as Cataratas do Iguaçu, uma das Sete Maravilhas da Natureza – entre outras belezas naturais, e a maior usina hidrelétrica do mundo, Itaipu Binacional, em parceria com o Paraguai.
Este ano o Palestina Vive será realizado entre os dias 22 e 25 de abril no Cine Iguassu Boulevard, em Foz do Iguaçu. Na terça-feira (22), não haverá exibição de filmes, a programação tem cunho político e cultural e contará com a participação do embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Mohamed Khalil, além de autoridades políticas da Comunidade Árabe Palestina de Foz do Iguaçu.
Haverá dança, música e poesia típicas da Palestina. Serão explorados os atrativos turísticos do país. Para o professor idealizador da atividade, Jorge Anthonio, é importante não mostrar só o lado triste da história, que consiste nas invasões territoriais de Israel na Palestina e o sionismo, mas também o lado bonito, humano, que faz as pessoas se identificarem umas com as outras independente de fronteiras.
Já no segundo dia, a quarta-feira (23), será exibido o filme “O Filho do Outro”, história que trata de crianças separadas na maternidade, uma judia, outra palestina, e o impacto que este erro administrativo causou na vida dos pequenos. O debate fica por conta de Walid Rabah, e a mediação será feita pelo vereador Nilton Bobato.
No terceiro dia será exibido o documentário Promessas de um novo mundo que conta a história de sete crianças israelenses e palestinas residentes em Jerusalém. Apesar de morarem no mesmo lugar elas convivem em mundos distintos, separados por diferenças religiosas. O filme promete uma visão diferente e emocionante sobre o conflito no Oriente Médio. A debatedora deste dia é Socorro Gomes, do Cebrapaz, e o mediador é o Fábio Borges.
O último filme do ciclo será exibido na sexta-feira (25), Omar, uma produção indicada à categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar de 2013. A história trata da paixão de pessoas separadas pelo muro de Israel e os conflitos que enfrentam para seguir adiante o relacionamento apesar das diferenças políticas e religiosas entre Palestina e Israel. O debatedor do dia é o Fabio Bacila e o mediador Joel de Lima.
O professor Jorge Anthonio fala sobre a importância de se usar filmes sutis para tratar de uma questão tão dura. “A arte não é ciência, não trata destas questões com a crueza das coisas, ela permite a nós, espectadores, uma visão mais sutil da causa palestina”.
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